sexta-feira, 21 de março de 2014

Lucena: “Henrique é o candidato das oligarquias que não fizeram bem ao Estado”

Vereador do PT acompanha deputado do PSD ao reclamar dos grupos Alves e Maia que geriram o RN

Vereador Fernando Lucena. Foto: Divulgação
Vereador Fernando Lucena. Foto: Divulgação
O vereador Fernando Lucena (PT) elogiou a análise feita pelo deputado estadual José Dias (PSD), que afirmou ontem durante entrevista ao Jornal de Hoje, que o Rio Grande do Norte vive situação de descalabro administrativo, informando que nos últimos 40 anos o estado foi governado pelas Famílias Maia e Alves, “e qual foi o resultado disso?”, indagou, antes de propor a candidatura do vice-governador Robinson Faria, pelo PSD, como uma quebra dessa sequencia. Nesta quinta-feira, em entrevista ao Jornal de Hoje, o vereador de Natal, Fernando Lucena (PT), foi adiante, declarando que o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), será o representante das oligarquias na disputa pelo controle do Estado nas eleições deste ano, contando, para tanto, com o apoio da oligarquia Maia. “Henrique, que é da oligarquia Alves, inclusive, tem o apoio da outra oligarquia, a Maia. Conta com o apoio do representante maior da oligarquia Maia, que é o senador José Agripino Maia. Isso consolida a aliança das oligarquias para manutenção do poder no Rio Grande do Norte, a continuidade das oligarquias”, afirmou o vereador.
Ao examinar a posição do Rio Grande do Norte no quadro do desenvolvimento nacional, Lucena afirma que “as oligarquias não interessam ao povo e o RN é exemplo por ser o segundo estado brasileiro mais atrasado por causas das oligarquias”, afirmou. Segundo a ciência política, oligarquia é a forma de governo em que o poder político está concentrado num pequeno número de famílias. “Essas pessoas podem distinguir-se pela riqueza, laços familiares, empresas. Estados em que tal acontece são muitas vezes controlados por poucas famílias proeminentes que passam a sua influência ao longo de gerações”, afirma uma das definições mais comuns.
De acordo com Fernando Lucena, estados nordestinos apenas nos últimos anos começaram a livrar-se do jogo das oligarquias, citando como exemplo o estado do Ceará, cujos coronéis foram banidos da vida pública pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, este, atual governador do Estado, e é hoje um dos estados mais desenvolvidos da região, considerado um dos “tigres do Nordeste”, como Pernambuco. Já o Rio Grande do Norte, na avaliação de Lucena, está como o Maranhão, onde a oligarquia Sarney domina o estado mais atrasado do país há seis décadas.
“Concordo com o deputado José Dias. Olhe a oligarquia Sarney no Maranhão. O estado não anda. O Ceará só mudou quando acabaram as oligarquias. Romperam os Gomes, com o Ciro e agora com Cid. Espero que os Gomes, no Ceará, não virem outra oligarquia. Em fortaleza, a presença do PT na prefeitura ajudou bastante nesse sentido”, disse o vereador Fernando Lucena.
Em entrevista ao Jornal de Hoje, o deputado José Dias disse que, nas últimas quatro décadas, de 1974 para o atual período, o Rio Grande do Norte elegeu governantes, ora oriundos da família Alves, ora oriundos da família Maia. Quando isso não ocorreu, as duas famílias se uniram para eleger governantes, como aconteceu na última eleição para governador, quando Maia e Alves elegeram a governadora Rosalba Ciarlini (DEM). “Isso foi a grande solução do RN?”, questionou José Dias.
“Tem um Alves na Prefeitura e agora querem colocar outro no Estado”
Fernando Lucena criticou, ainda, a ampliação do poder da oligarquia Alves no Rio Grande do Norte. Segundo ele, a família já tem um representante na Prefeitura de Natal, que é o prefeito Carlos Eduardo Alves, filho do deputado estadual Agnelo Alves e sobrinho do ex-ministro Aluizio Alves. Agora, o próprio Carlos Eduardo está se unindo ao primo ministro da Previdência, Garibaldi Alves e à oligarquia Maia para, ao lado do senador José Agripino Maia e demais lideranças apoiarem o primo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, para governador do Rio Grande do Norte. “Aqui, até Carlos Eduardo entra nisso, porque mesmo ele dizendo que não é mais Alves, é o Alves que está no município e que, achando pouco, quer ir para o Estado”, disse, se referindo à quantidade de Alves na política potiguar. “Isso é muito ruim”, afirmou Lucena.
Neste sentido, o vereador defende a aliança do seu partido, o PT, com o PSD, do vice-governador Robinson Faria, pré-candidato a governador contra as oligarquias do Estado. “As oligarquias não ajudaram o Rio Grande do Norte. Quando não é uma, é a outra. O Estado atrasado. Robinson seria fugir disso um pouco. Porque ele não é uma oligarquia. Foi aliado delas, mas não é como Henrique, que é Alves, com apoio de Agripino e Garibaldi. Ou seja, uma oligarquia consolidada, continuidade de oligarquia. O deputado José Dias conhece bem e tem autoridade para falar, porque ele próprio é casado com uma Alves”, afirmou Lucena, se referindo a Diúda Alves, irmã de Aluizio Alves.
Segundo Lucena, a aliança entre PT e PSD “está firme”, com a postulação de Robinson para governador, e a deputada federal Fátima Bezerra (PT) para o Senado. “O que a gente sabe é que não tem mudança nenhuma. A candidatura de Fátima é reforçada e é prioridade do PT. A candidatura de Fátima é irrevogável”, afirmou Lucena.
RESISTÊNCIA
Na entrevista ontem ao JH, José Dias também abordou a condição de Robinson Faria. “Só não temos candidato único pela coragem de Robinson”, afirmou, informando que o vice-governador Robinson Faria vem resistindo “ao canto da sereia” para não desistir de ofertar ao estado uma alternativa de poder. “Você tem que reconhecer que nós só não temos candidato único pelo gesto de coragem de Robinson e do PT. Robinson conseguiu resistir esse tempo todo ao canto da sereia, e o PT está tomando posição de independência, até porque foi agredido e excluído. Mas sem a posição do PT, o nosso gesto, do PSD e de Robinson, não tinha as consequências que tem. Porque nós vamos para uma disputa sem máquina, mas confiando no povo”, declarou o parlamentar.
Para José Dias, “se Robinson já resistiu até aqui, porque vai recapitular agora?”, indagou, observando que o grupo “nunca alimentou a ilusão de montar frente ampla”. “Sempre tivemos a certeza que seria uma frente de resistência. Essa está montada. E acredito que não ficará somente no PSD e no PT. Não tenho a menor dúvida que outros partidos, que não são os dominantes, se associarão a nós. Esse quadro nós já antevíamos”, afirmou.

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