Lucena: “Henrique é o candidato das oligarquias que não fizeram bem ao Estado”
Vereador do PT acompanha deputado do PSD ao reclamar dos grupos Alves e Maia que geriram o RN
O vereador Fernando Lucena (PT) elogiou a análise feita pelo deputado
estadual José Dias (PSD), que afirmou ontem durante entrevista ao
Jornal de Hoje, que o Rio Grande do Norte vive situação de descalabro
administrativo, informando que nos últimos 40 anos o estado foi
governado pelas Famílias Maia e Alves, “e qual foi o resultado disso?”,
indagou, antes de propor a candidatura do vice-governador Robinson
Faria, pelo PSD, como uma quebra dessa sequencia. Nesta quinta-feira, em
entrevista ao Jornal de Hoje, o vereador de Natal, Fernando Lucena
(PT), foi adiante, declarando que o presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Eduardo Alves (PMDB), será o representante das oligarquias na
disputa pelo controle do Estado nas eleições deste ano, contando, para
tanto, com o apoio da oligarquia Maia. “Henrique, que é da oligarquia
Alves, inclusive, tem o apoio da outra oligarquia, a Maia. Conta com o
apoio do representante maior da oligarquia Maia, que é o senador José
Agripino Maia. Isso consolida a aliança das oligarquias para manutenção
do poder no Rio Grande do Norte, a continuidade das oligarquias”,
afirmou o vereador.
Ao examinar a posição do Rio Grande do Norte no quadro do
desenvolvimento nacional, Lucena afirma que “as oligarquias não
interessam ao povo e o RN é exemplo por ser o segundo estado brasileiro
mais atrasado por causas das oligarquias”, afirmou. Segundo a ciência
política, oligarquia é a forma de governo em que o poder político está
concentrado num pequeno número de famílias. “Essas pessoas podem
distinguir-se pela riqueza, laços familiares, empresas. Estados em que
tal acontece são muitas vezes controlados por poucas famílias
proeminentes que passam a sua influência ao longo de gerações”, afirma
uma das definições mais comuns.
De acordo com Fernando Lucena, estados nordestinos apenas nos últimos
anos começaram a livrar-se do jogo das oligarquias, citando como
exemplo o estado do Ceará, cujos coronéis foram banidos da vida pública
pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, este, atual governador do Estado, e é
hoje um dos estados mais desenvolvidos da região, considerado um dos
“tigres do Nordeste”, como Pernambuco. Já o Rio Grande do Norte, na
avaliação de Lucena, está como o Maranhão, onde a oligarquia Sarney
domina o estado mais atrasado do país há seis décadas.
“Concordo com o deputado José Dias. Olhe a oligarquia Sarney no
Maranhão. O estado não anda. O Ceará só mudou quando acabaram as
oligarquias. Romperam os Gomes, com o Ciro e agora com Cid. Espero que
os Gomes, no Ceará, não virem outra oligarquia. Em fortaleza, a presença
do PT na prefeitura ajudou bastante nesse sentido”, disse o vereador
Fernando Lucena.
Em entrevista ao Jornal de Hoje, o deputado José Dias disse que, nas
últimas quatro décadas, de 1974 para o atual período, o Rio Grande do
Norte elegeu governantes, ora oriundos da família Alves, ora oriundos da
família Maia. Quando isso não ocorreu, as duas famílias se uniram para
eleger governantes, como aconteceu na última eleição para governador,
quando Maia e Alves elegeram a governadora Rosalba Ciarlini (DEM). “Isso
foi a grande solução do RN?”, questionou José Dias.
“Tem um Alves na Prefeitura e agora querem colocar outro no Estado”
Fernando Lucena criticou, ainda, a ampliação do poder da oligarquia
Alves no Rio Grande do Norte. Segundo ele, a família já tem um
representante na Prefeitura de Natal, que é o prefeito Carlos Eduardo
Alves, filho do deputado estadual Agnelo Alves e sobrinho do ex-ministro
Aluizio Alves. Agora, o próprio Carlos Eduardo está se unindo ao primo
ministro da Previdência, Garibaldi Alves e à oligarquia Maia para, ao
lado do senador José Agripino Maia e demais lideranças apoiarem o primo
presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, para
governador do Rio Grande do Norte. “Aqui, até Carlos Eduardo entra
nisso, porque mesmo ele dizendo que não é mais Alves, é o Alves que está
no município e que, achando pouco, quer ir para o Estado”, disse, se
referindo à quantidade de Alves na política potiguar. “Isso é muito
ruim”, afirmou Lucena.
Neste sentido, o vereador defende a aliança do seu partido, o PT, com
o PSD, do vice-governador Robinson Faria, pré-candidato a governador
contra as oligarquias do Estado. “As oligarquias não ajudaram o Rio
Grande do Norte. Quando não é uma, é a outra. O Estado atrasado.
Robinson seria fugir disso um pouco. Porque ele não é uma oligarquia.
Foi aliado delas, mas não é como Henrique, que é Alves, com apoio de
Agripino e Garibaldi. Ou seja, uma oligarquia consolidada, continuidade
de oligarquia. O deputado José Dias conhece bem e tem autoridade para
falar, porque ele próprio é casado com uma Alves”, afirmou Lucena, se
referindo a Diúda Alves, irmã de Aluizio Alves.
Segundo Lucena, a aliança entre PT e PSD “está firme”, com a
postulação de Robinson para governador, e a deputada federal Fátima
Bezerra (PT) para o Senado. “O que a gente sabe é que não tem mudança
nenhuma. A candidatura de Fátima é reforçada e é prioridade do PT. A
candidatura de Fátima é irrevogável”, afirmou Lucena.
RESISTÊNCIA
Na entrevista ontem ao JH, José Dias também abordou a condição de
Robinson Faria. “Só não temos candidato único pela coragem de Robinson”,
afirmou, informando que o vice-governador Robinson Faria vem resistindo
“ao canto da sereia” para não desistir de ofertar ao estado uma
alternativa de poder. “Você tem que reconhecer que nós só não temos
candidato único pelo gesto de coragem de Robinson e do PT. Robinson
conseguiu resistir esse tempo todo ao canto da sereia, e o PT está
tomando posição de independência, até porque foi agredido e excluído.
Mas sem a posição do PT, o nosso gesto, do PSD e de Robinson, não tinha
as consequências que tem. Porque nós vamos para uma disputa sem máquina,
mas confiando no povo”, declarou o parlamentar.
Para José Dias, “se Robinson já resistiu até aqui, porque vai
recapitular agora?”, indagou, observando que o grupo “nunca alimentou a
ilusão de montar frente ampla”. “Sempre tivemos a certeza que seria uma
frente de resistência. Essa está montada. E acredito que não ficará
somente no PSD e no PT. Não tenho a menor dúvida que outros partidos,
que não são os dominantes, se associarão a nós. Esse quadro nós já
antevíamos”, afirmou.
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