Henrique Eduardo Alves (PMDB), Wilma de Faria (PSB), “família Alves”,
“família Maia”, acordão. Esses foram alguns dos temas, além da crise
pela qual atravessa o Rio Grande do Norte, que o candidato homologado
pelo PSD ao Governo do Estado, Robinson Faria, fez questão de ressaltar
durante o discurso proferido por na convenção partidária realizada neste
domingo, em Natal. As várias referências são tentativas de Robinson de
descaracterizar o discurso dos principais adversários.
Afinal de contas, Henrique Eduardo Alves, candidato ao Governo do RN,
e Wilma de Faria, ex-governador e candidata ao Senado, se dizem
“mudança”, mas representam a continuidade de duas das mais tradicionais
famílias políticas do Rio Grande do Norte: a Alves e a Maia. “A nossa
chapa não pertence a Robinson Faria e a Fátima. Nossa chapa pertence
aqueles que não suportam as mesmas familias, as mesmas chapas. Uma hora é
Alves, uma hora é Maia. Uma hora é Alves e Maia juntos e o nosso Estado
afundou. E agora querem falar em mudança? Que mudança é essa se tiveram
40 anos para fazer e não fizeram?”, questionou Robinson.
Conforme o candidato homologado do PSD ao Governo ressaltou, essas
duas famílias estão há mais de 40 anos no poder no Rio Grande do Norte.
Isso porque o Estado foi governado por José Agripino Maia, Lavosier Maia
(ex-marido de Wilma), Garibaldi Alves Filho (primo de Henrique), a
própria Wilma de Faria e, agora, Rosalba Ciarlini, que chegou a receber o
apoio de Henrique e do PMDB, além de ser do DEM, partido de Agripino e
que também faz parte desse chamado “acordão”.
“Lá, eles se sentem donos dos maiores partidos do RN. Aqueles mesmos
partidos que passaram 40 anos governando o Estado e o nosso Estado foi o
que mais involuiu, que mais atrasou, que mais afundou na região
nordeste, por conta dessas famílias que formam o acordão do outro lado”,
criticou Robinson Faria durante o discurso. “Henrique não é oposição.
Henrique aderiu ao governo e indicou secretários”, relembrou Robinson,
relembrando que o peemedebista só rompeu com a gestão do DEM em setembro
de 2013, para que o partido lançasse candidato próprio ao Governo.
SILÊNCIO
É importante lembrar que durante todo o discurso realizado na
convenção de sexta-feira, Henrique Eduardo Alves não citou o principal
adversário, Robinson Faria. Preferiu falar da ditadura e do pai, o
ex-governador Aluizio Alves. Comentou também a situação do Governo do
Estado e a crise pela qual o RN atravessa. Robinson também falou sobre o
assunto.
Em seu discurso, Robinson relembrou a sua trajetória nos últimos anos
em que percorreu todo o Rio Grande do Norte conhecendo os desafios de cada região nas áreas do desenvolvimento, da educação, as deficiências
da rede estadual de saúde em visita aos hospitais públicos e no
desenvolvimento social. “Fiz minha estrada ao lado do povo, conhecendo a
realidade de cada lugar, de cada cidade. Pude ouvir e dialogar com o
povo e sei que estou preparado para assumir o Rio Grande do Norte e os
desafios de uma gestão”, confirmou.
A convenção estadual do PSD oficializou ainda a candidatura a
reeleição do deputado federal Fábio Faria (PSD), do deputado estadual
José Dias (PSD), além de outros 14 pré-candidatos a deputado estadual
como o ex-prefeito Galeno Torquato (PSD), o ex-candidato a prefeito de
Jardim do Seridó, Amazan e do major Fernandes (PSD).
Oficializada pelo PT como candidata ao Senado, Fátima Bezerra (PT)
disse que a parceria com Robinson é de resistência e de coragem.
“Sabemos o que o povo precisa e sabemos como fazer. Não foi fácil, mas
tivemos coragem de nos colocarmos como opção para o povo que precisar
ter oportunidade do debate, de escolher o que é melhor para o seu
Estado”, destacou.
Fátima disse ainda que o Partido dos Trabalhadores irá ajudar ao
candidato Robinson na campanha e no Governo. “Robinson você não está
sozinho. A militância do PT está com você agora e estará no Governo.
Você vai governar com o apoio do Dilma em Brasília e faremos uma gestão
no Senado e no Governo para o povo, para os trabalhadores”.
Com 28 anos de vida pública dedicada a projetos na área legislativa
como deputado estadual e mais quatro anos como vice-governador, Robinson
coordenará a coligação “Liderados pelo Povo” formada pelos partidos PT,
PCdoB, PSD, PP, PEN, PRTB, PTC, PPL, PT do B.
Fátima: “Agripino chamava Wilma de ficha suja e agora vai subir em coqueiro para pedir voto para ela”
Robinson Faria não foi o único a falar do acordão na convenção
realizada neste domingo. Na verdade, praticamente todos os que
discursaram no evento reservaram algum momento para falar de Henrique
Alves, Wilma de Faria e o heterogêneo grupo que apoia eles. Para a
candidata homologada pelo PT para o Senado, Fátima Bezerra, por exemplo,
uma das situações que mais chama a atenção no “acordão” é a presença do
DEM de José Agripino. Até porque, além do partido ter o atual governo
do Estado, o senador e presidente nacional da sigla é (ou foi) um
ferrenho crítico a Wilma de Faria.
“O senador há dois anos chamava minha adversária de ficha suja. Agora
diz que sobe até em coqueiro para pedir voto pra ela”, afirmou Fátima,
criticando o discurso feito pelo democrata na convenção do PMDB,
ocorrida na sexta-feira, quando Agripino afirmou que iria até subir em
coqueiro para pedir voto para Henrique e Wilma.
Além de Fátima, representantes dos partidos que integram a coligação
PSD/PT também criticaram a reunião dos adversários. “A minha posição é
muito clara e objetiva: Robinson e Fátima, juntos, abre-se a
possibilidade de derrotar o acordão. No outro palanque está o
continuísmo, pois a mudança está aqui”, declarou o presidente do
diretório municipal do PT, Juliano Siqueira.
O sentimento foi compartilhado pelo deputado estadual Fernando
Mineiro, também do PT. Para ele, existe na população uma ânsia por
mudança. “Lá é um acordão, um arrumado para divisão de cargos e
manutenção dos espaços entre eles”, diz o parlamentar. “Vemos claramente
o desejo da sociedade potiguar por mudanças”.
Para o prefeito de Mossoró, Francisco José Júnior (PSD), o cenário na
atual disputa pode ser comparado com sua própria eleição, quando
derrotou as mesmas forças que hoje estão unidas na disputa pelo governo.
“Apesar de nosso palanque não ter sete ex-governadores, como do outro
lado, nós temos mais qualidade. E a proposta é governar com o povo e não
com os caciques”, afirma. “Aconteceu em Mossoró quando quebramos um
paradigma de mais de 50 anos e em Ipanguaçu. Então acredito que vai
ecoar em todo o Rio Grande do Norte o recado que demos em Mossoró e em
Ipanguaçu”, afirma Francisco Júnior.