O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje (30), a manutenção,
até dezembro, das tarifas reduzidas do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para automóveis. Segundo o ministro, o objetivo
da medida é fazer com que o setor se recupere da queda nas vendas
observada nos últimos meses. A permanência da desoneração está vinculada
a um compromisso do setor em não cortar empregos.
“A
avaliação é que as vendas foram mais fracas em função de uma série de
motivos, entre os quais a diminuição do crédito e também, no período
mais atual, a questão da Copa [do Mundo], com menos dias úteis no
período”, ressaltou o ministro, ao explicar as razões da queda na venda
de veículos. A estimativa é que a desoneração implique renúncia fiscal
de R$ 1,6 bilhão.
Para
carros até mil cilindradas, a alíquota permanece em 3%. A previsão era
que o IPI para esse ipo de veículo voltasse amanhã (1º) ao patamar de
7%, anterior à redução. Os automóveis entre mil e 2 mil cilindradas,
bicombustíveis, continuaram tributados em 9%. Antes da redução, a
alíquota da categoria era 11%.
Quem é a AGULHA e a LINHA na politica potiguar?
Publicado por Ney Lopes em seu blogEra uma vez uma agulha, que disse a uma linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você (a linha) faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Buraco aberto pela agulha era logo enchido pela linha, silenciosa e ativa.
A linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
Texto adaptado de Machado de Assis, extraído do livro “Para Gostar de Ler – Volume 9 – Contos”, Editora Ática – São Paulo, 1984, pág. 59.