A GOVERNADORA Rosalba Ciarlini tomou o “Cafezinho com César Santos”. Início da tarde de quinta-feira (25), no intervalo de sua agenda administrativa em Mossoró e região. Quase duas horas de uma conversa aberta e franca sobre administração e política.
Rosalba enumerou obras e ações importantes de sua administração, como falou de problemas enfrentados desde o primeiro ano de governo, principalmente em áreas vitais como saúde e segurança. Disse que tem feito muito, porém, sem o alcance popular porque a comunicação não funcionou. “As notícias negativas tiveram mais espaços do que as positivas”, diz, creditando essa distorção ao pouco investimento feito em publicidade.
Na política, a governadora não escondeu a sua decepção com o senador José Agripino Maia, um parceiro político de 40 anos que lhe faltou no momento da decisão de ser ou não candidata à reeleição. “Ele tomou uma decisão ditatorial”, desabafa, ao lembrar da posição de Agripino de lhe negar a legenda Democratas para disputar as eleições deste ano.
Rosalba também deixa claro que torce pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), pela eleição da deputada Fátima Bezerra (PT) ao Senado e vota em Betinho Rosado Segundo para deputado federal.
* As fotos são de Marcos Garcia
SÃO inegáveis os problemas que afetam setores importante do serviço, principalmente nas áreas da saúde e educação, mas também são inegáveis as obras importantes que a sua gestão realizou e está realizando. Mas, governadora, por que o seu governo não fez a notícia positiva superar a negativa?
É INEGÁVEL que a nossa comunicação não funcionou bem, porque não tivemos disponibilidade de recursos para fazer investimento em publicidade. Quando eu assumi o Governo, havia uma dívida de 10 milhões de reais em comunicação, deixada pela gestão passada. Tivemos que pagar essa dívida porque entendemos que a conta é do Estado e não do governante do momento. Pagamos, mas não tivemos recursos para investimento na área. Eu lamento que a notícia negativa tenha superado a positiva, porque tem tantas coisas boas acontecendo, obras importantes, estruturantes, que mereciam destaque. São obras sonhadas há muito tempo que agora estão sendo realizadas, mas, infelizmente, isso não chega ao conhecimento da população, exatamente por dificuldades na área de comunicação.
CITE exemplo, governadora.
O NOSSO governo está construindo hoje 750 quilômetros de adutoras. Na cidade de Caicó, nós estamos fazendo uma nova adutora porque a que existia (adutora Manoel Torres) é insuficiente para atender a demanda da cidade. Além disso, o governo está fazendo o esgotamento sanitário e desobstrução da rede de distribuição. São 120 milhões de reais investidos só na cidade de Caicó. Você anda um pouco mais, encontra a barragem de Oiticica, uma obra que eu encontrei sem perspectiva e sequer tinha sido iniciada. Havia questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) devido a indícios de superfaturamento. Eu fui inúmeras vezes ao TCU para superarmos essa dificuldade que vinha do governo passado.
O QUE foi feito para o TCU liberar a obra de Oiticica?
TIVEMOS que fazer uma readaptação no projeto, para tirar o superfaturamento feito pelo governo passado. Era um superfaturamento de 40 milhões de reais, detectado pelo TCU. Superada essa dificuldade, fui falar com a presidenta Dilma Rousseff, acompanhada da bancada federal do Estado. O momento decisivo foi quando a presidenta veio ao Rio Grande do Norte para assinar a ordem de serviço.
O SERIDÓ também recebeu o Pró-Sertão, programa de geração de emprego e renda, a partir da atividade fabril. Esse programa tem sido pouco divulgado, apesar da sua importância. Em que estágio se encontra?
EM SÃO José do Seridó, você encontra uma cidade que hoje tem emprego pleno, garantido pelo Pró-Sertão. Nós estamos com esse programa não apenas no Seridó, mas também em algumas cidades da região Oeste, que receberam unidades de confecções, a partir da parceria com grandes fábricas como a Guararapes e a Hering. Nós tínhamos uma meta de implantar 35 unidades, mas já contamos com 50. Com essa ação, estamos gerando emprego e renda, mudando a vida das pessoas nessas regiões.
É POSSÍVEL, governadora, falar de emprego e renda numa região onde a seca castiga, afetando a vida das pessoas?
É, SIM, porque temos ações voltadas para a convivência com a seca. Estamos construindo cisternas em todo o interior do Estado. É uma ação do Governo Federal? É, mas tem a parceria e a contrapartida do Estado. A obra da barragem de Oiticica também tem a contrapartida do Estado, que assumiu 10% do valor da obra. Essas obras só foram possíveis porque fomos buscar a parceria do Governo Federal. Conseguimos incluir o Rio Grande do Norte no PAC e em outros programas federais. Conseguimos financiamentos com instituições financeiras que permitiram a realização de obras importantes, que estão espalhadas por todo o Estado. Vou citar uma obra importante e que era sonhada há décadas: a BR-110. É uma obra com recursos federais, mas aconteceu no nosso governo porque tivemos a coragem e a determinação de lutar por ela. Há quantos governos a obra era prometida e não acontecia? Não tiro o mérito da bancada federal, que desde a época do deputado Vingt Rosado lutava pela construção da estrada. Ainda como candidata, numa reunião na Câmara Municipal de Upanema, eu disse que se eu fosse governadora, essa obra aconteceria, e de fato aconteceu. E acontece porque o nosso governo lutou por ela, somou forças, cobrou do Governo Federal e fez acontecer.
A BR-110 e a barragem de Oiticica eram lutas antigas, assim como o Aeroporto Internacional de São Gonçalo. Qual foi o diferencial do seu governo para fazer esses projetos saírem do papel para a prática?
O AEROPORTO de São Gonçalo fazia 15 anos que não saia do papel. O projeto se arrastou a passos de tartaruga, porque os governos passados não tiveram competência para realizar a obra. Foi feito agora, no nosso governo, porque somamos forças, encabeçamos o movimento para o Governo Federal fazer o investimento. É bom lembrar que as obras de acesso ao aeroporto estão acontecendo com recursos do Governo do Estado. Uma parte falta concluir, que é o acesso Sul, mas o aeroporto já está funcionando. Então, nós temos aí o aeroporto, a barragem de Oiticica, a BR-110 e obras de saneamento básico que foram prometidas por governos passados e nunca saíram do papel, mas agora estamos realizando. É bom lembrar que o Complexo Viário Abolição, em Mossoró, estava paralisado e quando assumimos o governo fizemos o investimento, pagamos a contrapartida, e as obras foram reiniciadas. O complexo ainda não foi concluído, não por falta de recursos, mas por questões meramente técnicas. No entanto, os equipamentos estão aí funcionando como os viadutos e outros trechos. Outra obra sonhada há décadas e que realizamos: a estrada Mossoró/Tibau, que batizamos de Rota do Sol Nascente. Transformamos esse sonho em realidade. Mais uma obra de grande importância é o contorno de Baraúna, bastante sonhada pela população e decisiva para o desenvolvimento da cidade. Baraúna é outro centro de desenvolvimento do nosso estado, com a fruticultura e agora a indústria de cimento, que chegou no nosso governo. Lembre-se que antes da nossa gestão, o Estado contava com apenas uma fábrica de cimento em Mossoró. Hoje temos mais duas (Baraúna e Currais Novos) e vamos ganhar a quarta, que ficará entre Mossoró e Assú (Concreteira Cortesia). Isso a população precisa saber.
A SENHORA fala sobre essas ações, mas a oposição diz que o seu governo não está promovendo o desenvolvimento. É possível combater esse discurso mostrando ações?
OLHE César, os candidatos a governador que aí estão deveriam conhecer melhor o Rio Grande do Norte. Eles têm dito na propaganda eleitoral que o nosso governo atraiu as empresas de energia limpa (ventos), mas o Estado não produz nada para a indústria da eólica. Não sabem que produzimos, sim. Temos uma fábrica de torres de eólica em pleno funcionamento em Areia Branca, gerando emprego e renda. É um absurdo que um candidato a governador não tenha conhecimento do que acontece no seu próprio Estado.
MAS, quais são as ações concretas na área do desenvolvimento econômico?
VEJA só: o mármore granito do RN saia em estado bruto; hoje nós temos uma fábrica de beneficiamento trazida pelo nosso governo, localizada antes da cidade de Apodi. A empresa já duplicou a sua capacidade de beneficiamento de mármore e granito e está exportando para outros países. Situação bem diferente do passado, quando o produto saía bruto daqui e era beneficiado em países como Itália e Turquia. Antes, se falava em mármore italiano, turco, agora se fala o mármore potiguar. Voltando para a região do Seridó, no município de Parelhas, duas indústrias foram implantadas no nosso governo e hoje devem gerar cerca de mil empregos diretos. A Prime e a Casa Grande beneficiam matéria-prima para a indústria cerâmica de maneira geral. E uma boa notícia: a cerâmica Elizabeth já está com protocolo assinado, constituição de empresa, para se instalar no nosso estado. Ficará em Goianinha, onde nós, em parceria com a Prefeitura, implantamos um distrito industrial. Então, são coisas dessa natureza que estão acontecendo, mas o Rio Grande do Norte não tem a exata dimensão das ações do nosso governo.
A SENHORA sempre ressalta as obras de saneamento, enquanto outros gestores públicos não valorizam tanto. Por que governadora?
EU sempre digo que o saneamento básico é uma obra que não pode ser vista pela população porque fica no subsolo, mas tem importância fundamental para a qualidade de vida das pessoas, principalmente no aspecto de saúde. Quero dizer que nosso governo está investindo 1,2 bilhão de reais no saneamento básico, através do programa “Sanear RN”. Vamos deixar 80% do Estado com rede de esgotamento sanitário e Natal será a primeira capital do País a ser 100% saneada. Essa é uma ação que muito me orgulha.
NO GOVERNO passado, em oito anos a pasta da Educação teve 10 titulares. Mudava de acordo com a necessidade política de ocasião. Isso castigou o ensino público estadual, que desceu ao último degrau do Ideb. O seu governo mantém a secretária Betânia Ramalho desde o primeiro dia. A educação conseguiu avançar com projeto único de reconstrução do ensino?
VEJA a importância de tratar a educação com seriedade, ética e transparência. Não apenas estamos mantendo o projeto inicial, mas também fizemos investimentos grandiosos em educação. Nós temos hoje em construção oito unidades técnicas profissionalizantes estaduais. Até o final do ano, nós vamos entregar Pitimbu, em Natal, Ceará-Mirim, São Gonçalo, Parnamirim e Extremoz. A unidade de Mossoró está com 70% concluídos, devendo ficar pronta até março, ou seja, já funcionará no próximo ano. A de Assú, a obra começa agora porque enfrentou problema de legalização de terreno. A de Macaíba também vai começar agora. A segunda de Natal que ficará na zona norte depende da Prefeitura, que precisa enviar à Câmara o projeto de desafetação. Além disso, nós já estivemos no Ministério da Educação, acompanhada dos deputados Betinho Rosado (PP) e Fátima Bezerra (PT) e do ministro Paulo Paim e recebemos a garantia de que estão asseguradas mais de 10 unidades técnicas profissionais para o RN. Vão contemplar municípios de médio porte que não dispõem de ensino técnico federal.
APESAR dos investimentos feitos em Educação, o ensino do RN não apareceu bem na última avaliação do Ideb, divulgada há poucos dias. O resultado frustrou as expectativas do governo?
VEJA bem, nós temos outras avaliações que nos dão a certeza que temos feito a coisa certa. No Pisa, um organismo internacional, que analisa matemática, ciência e compreensão da linguagem, o Rio Grande do Norte cresceu 15 pontos. No Ideb não se avalia só conhecimento, existem outros parâmetros como qualidade da estrutura e uma série de questões. As escolas avaliadas são escolhidas por sorteio. Agora, posso assegurar que o nosso Estado tem escolas de excelência, com resultados impressionantes. É preciso ressaltar que se fala da avaliação do Ensino Médio, mas é preciso observar o quanto crescemos no Ensino Fundamental. Veja que 50% dos alunos de Ensino Fundamental no RN ainda são da rede estadual de ensino. Isso é uma demonstração de que precisa-se de tempo para promover a reconstrução do ensino público de qualidade. No entanto, é possível afirmar que estamos avançando. Somos o Estado Nordestino que mais avançou na alfabetização (5,5%), reduzimos a evasão escolar e no Ideb, reconheça-se, éramos o lanterninha até 2010, e agora estamos a quatro posição do último colocado. Avançamos pouco, é bem verdade, mas avançamos.
SÃO INEGÁVEIS os investimentos feitos no professor, que recebeu uma atenção especial. A senhora pode afirmar que o seu governo resgatou a dignidade da categoria?
QUANDO se faz comparação de um governo para outro, é possível saber que realmente fez o melhor. Veja César: em 10 anos de governos passados, os professores tinham tido 7,3% de reajuste salarial. No nosso governo, em menos de quatro anos, a categoria recebeu 96,7% de reajuste salarial, isso sem contar o percentual que aumentou com uma letra que foi dada. Se somar os dois, o reajuste vai para 101%. É bom lembrar que respeitamos os inativos, que no passado se dava aumento só para os ativos, deixando os inativos de fora. A valorização do professor não é só isso. O Estado tem feito mais, como a capacitação dos professores, o concurso público que permitiu a convocação de mais de três mil profissionais, a modernização do ambiente de trabalho e estruturação de toda a rede de ensino público. Reformamos mais de 300 escolas, estamos construindo mais de 60 quadras de esportes. Então, é um reforço muito grande para reconstruir o que foi destruído no passado, agora, é preciso que tenha continuidade com o plano estadual de educação.
GOVERNADORA, na sua gestão, Mossoró recebeu quase meio bilhão de reais em obras, distribuídos na construção da Rota do Sol Nascente, Centro Administrativo Integrado (nova rodoviária), substituição de toda a rede de distribuição de água, adutora Santa Cruz Mossoró, centro técnico profissionalizante, entre outras. Por que, então, prevalece a ideia de que o seu governo fez pouco?
RECONHEÇO que fizemos um investimento mínimo em publicidade e isso acabou prejudicando a nossa comunicação. Volto a dizer que pegamos uma dívida de 10 milhões de reais com os veículos e entendemos que a dívida era do Estado e o governo deveria pagar, mesmo tendo sido de gestões passadas. Pagamos. As nossas dificuldades foram imensas, porque pegamos um Estado totalmente inadimplente. Eram dívidas com encargos sociais, prestadores de serviços, fornecedores. Era preciso sanear as contas para o Estado voltar a ter credibilidade junto aos organismos financeiros. Isso nós conseguimos. Nós fizemos o segundo melhor ajuste fiscal do País, segundo a Fazenda da União. Com isso, nós tivemos condições de conseguir financiamentos importantes, como o Pro-investe, que está garantindo a construção de novas estradas, o Pró-transporte da zona norte de Natal e tantas outras obras de infraestrutura. Conseguimos com o Banco Mundial o financiamento do RN Sustentável, que é o maior projeto já beneficiado pela instituição no nosso Estado. São 540 milhões de dólares, isso significa algo em torno de 1,5 bilhão de reais para bancar esse projeto de desenvolvimento e sustentabilidade do Rio Grande do Norte. Vamos trabalhar dez cadeias produtivas que contemplarão todas as demandas sonhadas pelo cidadão potiguar. Portanto, veja que é muita coisa sendo feita, porém pouco divulgada. Mas continuarei trabalhando até o último dia da minha gestão, 31 de dezembro, com o mesmo entusiasmo e dedicação.
A ÁREA da saúde, que hoje vive situação delicada, também está inserida no RN Sustentável?
A SAÚDE é contemplada sim. E quero dizer da minha satisfação de informar que vamos construir o Hospital Materno-Infantil de Mossoró. Sempre sonhei que as crianças da cidade tivessem o seu hospital. Temos hoje apenas o setor de pediatria do Hospital Regional Tarcísio Maia e dez leitos de UTI pediátrica no Hospital Wilson Rosado, que o governo ajudou a implantar. É muito pouco para Mossoró e região. Trouxe o Hospital da Mulher, tão questionado, tão discutido, mas que agora está mostrando a sua importância. Imagine se não existisse o Hospital da Mulher nesse momento que a Casa de Saúde Dix-sept Rosado está fechada. O hospital está a tábua de salvação, inclusive atendendo além da sua capacidade. Aliás, espero que essa disputa na Dix-sept Rosado seja resolvida logo, que se encontre o entendimento, porque não é possível que outros interesses se sobreponham à vida das pessoas. Olha, fui prefeita de Mossoró por 12 anos, por um sistema político adversário dos diretores da Dix-sept Rosado, mas isso nunca interferiu no relacionamento da unidade de saúde com a Prefeitura.
O PROJETO do Hospital Materno-Infantil encontra-se em que estágio?
ESTIVE com o reitor Pedro Fernandes para agilizar um terreno no campus central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) onde será construído o Hospital Materno-Infantil de Mossoró. Vai ser um hospital-escola, que comportará o Hospital da Mulher (hoje funciona em prédio alugado pelo Estado) com mais leitos, mais UTIs, mais estruturado. Vamos ter o setor infantil para o atendimento completo à criança. Temos recursos assegurados da ordem de 37 milhões de dólares, do programa RN Sustentável. Esse é um sonho que tenho desde mãe, pediatra, prefeita e agora governadora, que será realizada. O futuro governador vai fazer a obra porque eu estou deixando tudo pronto.
A SEGURANÇA pública é um problema grave e o governo tem enfrentado enormes dificuldades. Por que o governo não consegue avançar nesse setor de vital importância para a vida das pessoas?
QUANDO eu assumi o governo, para você ter uma ideia, os policiais contavam com apenas 200 coletes à disposição. Diziam que não iam para as ruas porque não tinham proteção. Faltavam armas, munições e as viaturas estavam sucateadas. A situação do RN era tão difícil que eu me socorri do Estado de São Paulo, conseguindo doações de pistolas. Hoje, todos os policiais têm os seus coletes e armas. Investimentos na aquisição de viaturas. Veja que só no período da Copa do Mundo investimentos 34 milhões de reais em segurança. Os salários foram recuperados. A categoria sonhava com a lei de promoção, fizemos a lei. Agora em setembro eles recebem a parcela de reajuste que acrescenta 3,5 milhões de reais na folha de pessoal. Trabalhamos desde o primeiro momento para reduzir a criminalidade, mas, infelizmente, esse é um problema enfrentado por todo o País. Agora, quero dizer que hoje no RN os números apresentados são reais, porque implantamos a central de estatística. O governo não está colocando nada para debaixo do tapete, como acontecia no passado. Os números são acompanhados para que a gente veja se realmente está melhorando ou não. Posso afirmar que está melhorando. Agora em agosto tivemos uma redução de homicídios de 23%, além disso, Natal foi a sede da Copa mais tranquila. Volto a dizer, a segurança é uma questão de ordem nacional. Veja que o nosso vizinho Ceará, que dizem ser mais seguro do que o nosso RN, é o Estado mais violento do Nordeste. A Paraíba também tem mais violência do que o RN. Então, é um problema de todo o Brasil.
GOVERNADORA, a senhora prometeu reconstruir o Estádio Nogueirão. Apresentou o projeto, mas a obra não foi realizada. Os desportistas cobram e exigem uma explicação. Por que essa obra não foi realizada?
EU ENTENDO a necessidade do futebol de Mossoró ter um estádio bem estruturado, sei da importância do nosso futebol, até porque, quando fui prefeita, investi nos clubes e na recuperação do estádio. Agora, fizemos tudo para realizar a obra do Nogueirão. Elaboramos o projeto no valor de 40 milhões de reais. Na hora de licitar a obra, houve entraves burocráticos e legais. O governo não poderia aplicar recursos numa área privada, que pertence à Liga Desportiva Mossoroense (LDM). Era preciso um novo processo, de municipalização ou estadualização do estádio. Essa dificuldade coincidiu com o momento de instabilidade político-administrativa da cidade, com o entra e sai de prefeito. Depois, o Estado, assim como todo o País, enfrentou como ainda enfrenta dificuldades financeiras, impedindo, dessa forma, a realização da obra. Mas o projeto está pronto e esse é o sonho que eu espero um dia vê realizado.
GOVERNADORA, a senhora se sente frustrado por não ter tido a oportunidade de ser candidata à reeleição para defender o seu governo?
EU NÃO diria frustrada. Eu me sinto injustiçada. E, de certa forma, indignada. Eu sempre disse, tomada por esse espírito libertário de Mossoró, que só me dobraria às decisões de Deus e do povo. A minha vida pública sempre foi muito aberta, limpa, por isso, sempre recebi o julgamento do povo. As eleições, se eu não tivesse sido impedida de ser candidata, seriam a oportunidade de eu prestar contas do nosso governo, inclusive, esclarecer muita coisa que precisa ser dita, porque muitas vezes a gente sofre pela desinformação que alguns insistem em praticar. Essa era a oportunidade de pedir ao povo do Rio Grande do Norte que fizesse o devido julgamento, mas infelizmente não deixaram.
O FATO de ter sido o seu partido que lhe negou o direito constitucional e democrático à reeleição a deixa ainda mais indignada?
VEJA que ironia, um partido que se diz Democrata, dirigido por senador da República, preferiu fazer um acordo com adversários (PMDB do candidato a governador Henrique Alves) e me negou o direito de ser candidata. Era com esse direito, constitucional e democrático, que o povo de Mossoró e do Rio Grande do Norte iria fazer o julgamento devido.
A REUNIÃO organizada pelo senador José Agripino, para lhe negar o direito à reeleição, foi decisiva para impedir a sua candidatura?
AQUELA reunião estava toda preparada por ele (Agripino). Mas aproveitei a oportunidade para falar o que eles tinham que ouvir. Disse que me sentia humilhada pelo partido. Falei que tenho a consciência tranquila que fiz tudo que estava ao meu alcance, não envergonhei nem o partido nem o povo do RN, porque o meu governo é honesto, não tem escândalo, não tem corrupção. Podem até dizer que Rosalba não fez isso, Rosalba deixou de fazer aquilo, mas jamais vão colocar em dúvida a nossa honestidade. Nenhum potiguar pode dizer que eu usei o dinheiro público de forma errada. O que mais doeu foi o partido sequer me consultar para saber se eu queria ou não ser candidata à reeleição. A decisão do senador José Agripino foi imposta, foi ditatorial. E isso é muito grave para um partido que se diz democrata. Ele agiu como se estivéssemos numa ditadura.
FORAM 40 anos de parceria política iniciada com o governador Tarcísio Maia, pai de José Agripino. Parecia inseparável, devido à decisão, até aqui, de lado a lado. Por conhecer Agripino tão bem, essa posição dele, ditatorial, como a senhora mesmo falou, não foi uma grande surpresa?
EU fiquei arrasada. Foi uma coisa que eu jamais imaginei ser capaz de acontecer. Não esperava uma posição tão radical, principalmente vinda do senador que a gente conhecia tão bem. Veja que essa decisão de Agripino, usando o partido, para não permitir o direito constitucional da reeleição, foi a primeira vez que aconteceu no Brasil. Qual foi o governador que teve negado por seu partido o direito à reeleição? Só Rosalba. Qual o motivo? Qual o verdadeiro motivo? Agora é entregar a Deus e caminhar pra frente.
A SENHORA teve a oportunidade de mudar de partido, recebeu convites, mas preferiu ficar ao lado de José Agripino. A senhora se arrepende de ter tomado essa decisão?
NÃO. Fiz o que achava certo. Recebi vários convites, inclusive do PSD de Gilberto Kassab. Outros filiados do Democratas foram, como os Bornhausen (fundadores do DEM), a senadora Kátia Abreu, mas eu decidi ficar no partido, principalmente naquele momento em que o senador Agripino passava por dificuldades. Permaneci leal ao partido, não mudei. É engraçado que antes Agripino criticava quem fazia isso, inclusive, se sentiu traído por Wilma de Faria, que quando se elegeu governadora saiu de perto dele e se aliou a adversários. Agora, as coisas estão ficando mais claras e vejo que, desde o primeiro momento do nosso governo, eles estavam tramando isso, mas infelizmente eu não percebi, por isso, tive que passar por esse sofrimento.
O SENADOR José Agripino sempre levantou a bandeira da ética, honestidade e zelo com o bem público. Agora, está aliado à ex-governadora Wilma de Faria (PSB), que teve 10 grandes escândalos em oito anos de governo. O senador está mudado, governadora?
OLHA, o cidadão mais simples que eu tenho conversado tem feito determinadas observações que realmente a gente diz, o povo é sábio. Agora, ele é que tem que prestar contas com o povo. O povo lembra bem o que Agripino dizia de Wilma, quando mostrava os escândalos que aconteciam no governo dela e dizendo que não conviveria com a improbidade. Agora, de repente, tudo isso mudou?
ESSE tipo de comportamento faz a senhora perder a fé na política ou nos políticos?
EU digo que eu compreendo o sentimento das pessoas que estão cada vez mais descrentes com a classe política. É muito ruim quando um político muda a sua posição, muda a sua palavra. Isso o cidadão não aceita, eu também não aceito. O político precisa ser coerente, ter posição firme, não se permitindo dizer uma coisa agora e depois está se contradizendo. Tudo tem que ter lógica, tudo tem que ter equilíbrio, tudo tem que ter coerência. O país está precisando de políticos éticos, de homens que desejam servir e não serem servidos.
GOVERNADORA, a senhora disse há pouco que agora é seguir em frente. E qual é o seguir em frente da senhora?
EU sou uma cidadã, tenho uma profissão, adoro a minha cidade, então é continuar a vida. Eu não faço planos, deixo a vida me levar, como diz a canção. Estou mais experiente, o sofrimento também dá grandes lições. Então, vamos seguir em frente.
A SENHORA defende o voto na presidente Dilma (PT), na candidata ao Senado Fátima Bezerra (PT) e no candidato a deputado federal Betinho Rosado Segundo (PP). O que faz crê que eles são merecedores do voto?
OLHA, estive com a ministra Marta Suplicy em Mossoró. Conversamos rapidamente. Ela perguntou como as coisas estavam aqui e eu disse a ela que acreditava que o povo do Rio Grande do Norte está muito determinado em fazer a deputada Fátima senadora da República. É uma parlamentar que trabalhou muito pela educação. Em todo o Estado tem a marca do mandato de Fátima. Eu, como governadora, apesar de estarmos em partidos diferentes, sempre tive o apoio da deputada nos pleitos do nosso Estado. Ela esteve presente em todas as lutas. Então, merece o voto. Eu gostaria muito de vê-la senadora.
E A presidente Dilma?
No Rio Grande do Norte, a presidente Dilma é a favorita. Disse isso à ministra Marta Suplicy. Eu sou muito honesta em dizer: a presidenta sempre teve muita atenção aos pleitos do RN e nos tratou de forma republicana, sem se importar com a questão partidária. Dilma sempre teve uma atenção muito especial com os nossos pleitos. Na luta pela barragem de Oiticica, teve um episódio que marcou. A presidenta veio para uma reunião com todos os prefeitos, na Escola de Governo, e na preparação desta reunião, em Brasília, ficou certo que ela assinaria a ordem de serviço da obra. Na véspera da visita, fui informada pelo presidente da Câmara dos Deputados (Henrique Alves) que ela não daria a ordem de serviço porque a obra seria feita pelo Dnocs. Achei muito estranho. Então, quando a presidenta chegou, estávamos no carro oficial, e eu disse “presidenta eu vou dizer uma coisa e a senhora pode até me colocar pra fora do carro depois, mas se a senhora não assinar essa ordem de serviço hoje para que essa obra de Oiticica aconteça, que é esperada há um século e numa seca braba dessa é a redenção do povo do Seridó, era melhor que a senhora não tivesse vindo para a reunião.” Ela olhou pra mim, meio assustada, e disse: vou ligar agora pra Mirim (ministro Mirim Belchior). Ligou e falou para Mirim que iria dar a ordem de serviço. Quando chegamos à Escola de Governo, a ordem de serviço estava lá, pronta para ser assinada. Então, eu não posso esquecer isso. Dilma é merecedora do voto.
BETINHO Rosado Segundo, quais as convicções que a senhora tem que ele fará um bom mandato?
O DEPUTADO Betinho Rosado todo mundo já conhece. Taí a lei dos royalties, a questão tarifa verde da energia, o saneamento de Mossoró, que foi ele que arranjou uma emenda de 22 milhões de reais para começar a obra, e muitas outras ações. Betinho não é candidato à reeleição por uma insegurança jurídica. Por isso, lançou o seu filho Betinho Rosado Segundo. Eu voto nele com todo entusiasmo. É a renovação, é a nova esperança. Se eu não confiasse na sua capacidade, na sua competência, na sua disposição de trabalho, eu não sairia dizendo que voto nele. Olha, Mossoró e o Rio Grande do Norte não podem perder a capacidade de luta de Betinho em Brasília. É de fundamental importância. Por isso, o meu voto.
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