Quarenta e quatro anos dando expediente no mesmo lugar, falando na mesma tribuna e para o mesmo público: o Brasil.
Henrique Eduardo Alves começou a se eleger deputado federal quando tinha 21 anos e nunca mais parou.
Perdeu duas.
Duas eleições em que tentou ser prefeito de Natal.
Mas, como as eleições eram municipais, as derrotas não o deixaram sem mandato.
Contados os votos aqui, ele retornava a Brasília onde lá estava seu gabinete à sua espera.
Agora Henrique vê diante de seus olhos, talvez o maior desafio de sua vida.
Maior até do que a disputa vitoriosa pela presidência da Câmara, que o fez presidente da República por duas vezes.
É
que, dessa vez, se perder a eleição, pela primeira vez em toda sua
carreira política, terá que buscar outro tipo de ocupação enquanto fica
sem mandato.
Claro que ele não pensa nessa possibilidade.
Conversei
com o deputado Henrique Alves, presidente da Câmara e candidato a
governador, no seu apartamento. Entre uma reunião e outra com lideranças
de vários municípios do interior, e pouco antes de sair para Assu, onde
foi receber o apoio do prefeito e garantir, com isso, o segundo
palanque do município.
Thaisa Galvão – Ser governador. Sonho de Henrique. Mas, parecia que não seria para agora já que você demorou a se definir.
Henrique Alves –
Era um sonho adormecido. Sempre sonhei em ter essa oportunidade, essa
honra, e até essa emoção, né? Mas, depois que eu alcancei essa posição a
nível nacional, com o meu partido e hoje na Câmara dos Deputados, ele
poderia estar amortecido, mas na hora que surgiu a oportunidade eu vi
que era apenas adormecido mesmo, porque está me honrando muito, me
emocionando muito e eu acho que é o maior desafio, em um bom momento da
minha vida pública, poder disputar, e se Deus quiser ser governador do
meu Estado.
Thaisa
Galvão – Antes da sua definição o nome era o do empresário Fernando
Bezerra. E o que se sabe é que não havia grande simpatia eleitoral pelo
nome do ex-senador. Ele guardou o lugar para você, que só apareceu
depois que sentiu a simpatia do partido?
Henrique Alves – Não,
veja bem, eu era candidato à reeleição, a deputado federal de novo, com
a perspectiva que eu não posso negar de me reeleger presidente da
Câmara. Eu ouvi o partido inteiro, município por município, nossa
militância, nossos líderes, nossos amigos, e todos naquela opção:
Henrique ou Garibaldi. Como eu estava naquele projeto, e é importante
para o Estado manter a cadeira de presidente da Câmara, não é uma
questão de vaidade, de falsa modéstia, mas a pauta do Brasil passa muito
pela Presidência da Câmara dos Deputados. É discussão de entidades, de
associações, é o poder executivo, tudo nasce da iniciativa do Parlamento
mais da Câmara do que do Senado, que é a casa revisora, embora
igualmente importante. Então, quando é que o Estado teria oportunidade
de ter, de novo, uma presidência da Câmara podendo ajudar tanto ao Rio
Grande do Norte? Então era esse o foco que eu estava tendo. No
levantamento que nós fizemos, como Garibaldi não queria mais disputar,
já tinha tido 3 eleições e era natural, nós buscamos a alternativa de
Fernando Bezerra.
Thaisa Galvão – Então a candidatura de Fernando Bezerra era para valer mesmo.
Henrique Alves -
Foi pra valer mesmo. Mas aí a gente verificou que, ouvindo todo o PMDB,
os 167 municípios, a gente constatou que o partido, a sua grande
maioria, queria Garibaldi, em primeiro lugar, e Henrique em segundo
lugar. Eu tive uma conversa com Fernando e ele dizia ‘eu acho que não é
nem Garibaldi, é o seu momento. Foi muito franco, muito generoso, até.
Aí conversei com Garibaldi e ele disse ‘Henrique, eu já disputei 3 vezes
o governo do Estado, você quer que eu dispute a quarta? Eu acho que é
hora de sua primeira’. Então ele foi tão direto, tão franco, que aquilo
bateu na minha consciência e eu disse ‘você tem razão, Garibaldi. A
partir desse momento eu não peço mais a sua candidatura, eu tenho um
dever e quero muito me honrar de pela primeira vez disputar o Governo do
Estado’.
Thaisa Galvão – Então foi a partir daí que você assumiu a postura de candidato ao Governo…
Henrique Alves – A
partir dali eu botei na cabeça, me conscientizei, me emocionei, até, e
disse ‘agora é a hora de cumprir essa missão com muita honra, de
governar o meu Estado. Afinal eu devo tudo ao Rio Grande do Norte na
minha vida pública que eu construí, que me dá hoje uma posição de relevo
a nível nacional, eu devo ao povo do Rio Grande do Norte, então, eu
acho que é a minha hora de tentar fazer por esse estado o que está
precisando, e com, não é também vaidade de novo, mas com uma certa dose
de realismo, eu acho que eu posso, pelo que eu construí em Brasília, ao
longo de todos esses anos, como líder 6 anos do PMDB, como deputado
federal 40 anos, como presidente da Câmara, eu acho que não haverá mais
nenhuma porta de uma autoridade que seja , que eu não possa abrir e
pedir, de cabeça erguida, para o Rio Grande do Norte. Então, essa
motivação, e depois manifestações várias, muitas, por onde andávamos,
nas cidades, as pessoas telefonavam, eram mensagens…a coisa foi num
crescendo, num crescendo, que aí está essa ampla coligação que
construímos com muita verdade, com muita humildade, com muita
sinceridade, com muita vontade para disputar a eleição.
Foto: Cláudio Abdon
FERNANDO BEZERRA JÁ ESCOLHIDO PARA O PRIMEIRO ESCALÃO DO ESTADO CASO HENRIQUE ALVES SEJA ELEITO GOVERNADOR
Caso
se eleja governador do Rio Grande do Norte, o deputado Henrique Alves
já tem um auxiliar definido: o empresário Fernando Bezerra.
Henrique diz, inclusive, que já conta com ele na criação de projetos para o desenvolvimento do Estado.
Fernando seria o candidato, até que Henrique foi convencido de que o candidato teria que ser ele.
Thaisa
Galvão – Você atribui a Garibaldi o papel importante para a sua
decisão. Mas o que se diz hoje é que Henrique é candidato a governador
porque Laurita quer.
Henrique Alves –
Ela ajudou muito. Laurita é uma companheira excepcional, tem um tino
político muito grande e ela tem sido uma grande companheira de todos
esses momentos de dúvidas e questionamentos, naquelas primeiras horas, e
ela sempre me estimulando, achando que o Estado está precisando desse
tipo de governo agregador, que some, que abra espaço, com muita
consciência política. Eu agradeço muito a ela o apoio que ela me deu na
hora de tomar a decisão que eu acho que foi a melhor pra mim, pra minha
história, hoje eu posso dizer, pro meu sentimento, pras minhas emoções,
pra me reencontrar, quem sabe, com um sonho que foi por muitos anos do
meu pai, e pelo que eu estou ouvindo em todo canto, todo recanto que eu
vou, as pessoas com muito entusiasmo, muita alegria. É como que tivesse
chegado a hora de nós construirmos uma nova esperança para o Rio Grande
do Norte
Thaisa Galvão – Voltando ao ex-senador Fernando Bezerra. Ele seria um nome importante num possível governo Henrique Alves?
Henrique Alves – Será
com certeza. Já se ofereceu, já está ajudando agora, nós formamos
várias equipes para estudar planos de governo em diversos segmentos que
dividimos em 9 direções mais importantes para desenvolver o Rio Grande
do Norte e ele é um dos principais coordenadores, tem dado uma
contribuição que eu agradeço muito no presente e mais ainda no futuro.
Thaisa
Galvão – Você falou de uma pesquisa feita em Brasília que apontava para
a possibilidade de sua reeleição como presidente da Câmara.
Henrique Alves – Teve
até um deputado colega meu da Paraíba que quis me dar um presente, eu
perguntei ‘o que é?’; ele disse que ia fazer uma pesquisa, isso faz uns 5
meses, para presidente da Câmara, para ver nossas condições de
reeleger. Eu concordei, ele mandou fazer, me procurou em Brasília com o
resultado, feito por um pesquisador de Minas, todo satisfeito, mostrou
pesquisa sobre a Câmara, a imagem do legislativo, os projetos, e o
resultado de uma eleição futura para presidente da Câmara em 2015. E
naquele resultado eu tinha mais de 65% e o segundo colocado, que era um
parlamentar do PT, tinha 23%. Ele todo satisfeito me dando esse
resultado quando já estava a caminho uma mudança de rumo. E por que que
mudou esse rumo?
Thaisa
Galvão –Mas como fazer uma pesquisa hoje se o próximo presidente será
escolhido por uma nova legislatura, com novos eleitos? A Câmara não será
a de hoje.
Henrique Alves –
Foi com os atuais, realmente, mas é uma referência, né? Dos atuais
deputados eu teria quase 70% para uma reeleição. Pelo trabalho que nós
fizemos. E mesmo depois de decidir a candidatura a governador, vários
líderes da oposição, da base, apelaram para que eu voltasse à Câmara,
que era um momento importante, estávamos consolidando uma nova imagem do
poder legislativo. A gente abriu oportunidades novas para o Parlamento
se impor com altivez, acabamos com o voto aberto, trouxemos de volta a
apreciação de vetos, as emendas impositivas no orçamento em respeito aos
municípios, aos parlamentares interlocutores dessa população, então,
era uma referência apenas, que poderia acontecer. Na hora que esse apelo
que nós recebemos, quando a gente começou a andar a coisa começou a
pegar, e o povo ‘é Henrique, é Henrique governador’, e me emocionou
tanto que eu acho que tomei a decisão certa. E se Deus quiser, se assim
entender o Rio Grande do Norte, chegaremos lá.
O PT tem dito que foi assediado pelo deputado Henrique Alves para compor chapa com ele…
Henrique diz o contrário.
Continue acompanhando a entrevista do candidato do PMDB ao governo.
Thaisa
Galvão – Definida a candidatura o primeiro passo foi juntar todo mundo.
Você sabia que seria complicado se eleger sem todo mundo?
Henrique Alves –
A primeira conversa nossa foi com o PT que era o aliado natural. Eu
recebi na sede do PMDB, vou dar nomes: Fátima, Juliano Siqueira, Hugo
Manso, Fernando Mineiro e Eraldo. E éramos eu e Garibaldi. Era a aliança
natural. Aí onde eu acho que foi o erro do PT que disse que me queria
pra governador, me apoiaria para governador, tem umas cinco pessoas para
confirmarem, me apoiaria para governador, e Fátima para o Senado. Mas,
só com partidos da base da presidenta Dilma. Era essa a pré-condição. Me
apoiariam para governador, achavam que eu era o candidato natural, a
chapa natural com Fátima para o Senado, mas só aceitando partidos que
apoiassem a presidenta Dilma. Pra você ver como o tempo é o melhor dos
conselheiros, hoje, na coligação que eles estão tem três partidos que
não apoiam a presidenta Dilma. O Rio de Janeiro, o maior foco nacional
da política brasileira, está Romário, do PSB para o Senado e o PT com
Lindberg. E eu disse logo na hora que não concordava com isso, essa
verticalização não existe a nível estadual onde a realidade se superpõe.
Um dia quem sabe, lá na frente, a cultura venha no tempo e no
aprendizado mudar, mas hoje, no Brasil, uma realidade estadual se
sobrepõe a uma imposição nacional. Eu achava errado porque eu poderia
ter o apoio de Rogério Marinho pelo PSDB, de Wober Júnior pelo PPS, eu
buscaria a ex-governadora Wilma para um diálogo sem ver ainda
horizontes, e eu queria ter essa liberdade de ter essas conversas. Mas
não aceitaram de jeito nenhum
Thaisa Galvão – Mas a deputada Fátima Bezerra diz o contrário, que você que procurou e ela que não quis.
Henrique Alves –
Não, essa conversa eu dei nomes. Foi no PMDB essa conversa com esses
personagens que eu citei aqui, onde discutimos aliança. E tanto eles
entendiam que era natural que lá foram, e eu entendi que era também, até
por conta de Dilma e Michel. Mas na hora que colocaram essa questão que
não aceitavam partidos que não estivessem no palanque da presidenta
Dilma, isso começou a nos afastar. Então a partir daí eu procurei outros
caminhos.
Thaisa
Galvão – A ex-governadora Wilma de Faria estava muito bem em todas as
pesquisas para o Governo. Se aliar a ela foi uma forma de tirá-la do seu
caminho?
Henrique Alves –
Eu digo mais aqui, realmente na época os nomes mais fortes para o
Governo do Estado, não me torna menor reconhecer isso não, eram ela e
Garibaldi. Eram os nomes citados, mais fortes na disputa. Como naquele
momento queríamos aliança para ganhar eleição de governador fui
procurá-la para ver se o projeto era irreversível, se não era, e ela de
forma muito humilde, muito compreensiva e muito digna, começou a avaliar
e disse ‘Henrique eu já fui 8 anos, como Garibaldi também, eu acho que
esse radicalismo não cabe mais, o Estado está precisando de muita ajuda,
de muito apoio nacional, parcerias, eu acho que você pela posição que
tem nesse momento é o melhor nome’, e começamos a conversar. E veja, o
destino de novo como é, depois Eraldo esteve lá (no PMDB) e eu dou nomes
de pessoas, com Mendes, vereador de São Gonçalo, que é do partido de
Wilma, foram lá conversar com ela admitindo ela sair governadora com
Fátima senadora. O que comigo sequer admitiu qualquer partido, depois
foram conversar com ela para ela ser a governadora e Fátima para o
Senado. Aí já tinham sujado tanto a água, já tinham vetado tanto Wilma
para uma aliança que aí ficou difícil de resolver e, pelo contrário, nós
abrimos aí uma avenida de conversas, de entendimentos, e eu agradeço
aqui à ex-governadora Wilma como ela se conduziu o tempo todo na
conversa. Foi muito altiva, muito simples, já tinha dado esse exemplo
para vice-prefeita, já foi um gesto dela que Natal reconheceu. A partir
daí fui buscar outros interlocutores, de outros partidos e fomos
somando, somando. Portanto eu vejo hoje, até com muita compreensão a
insegurança, o nervosismo dos adversários quando reclamam, mas eles
devem se lembrar que procuraram também esses partidos. Procuraram Wilma,
procuraram os mesmos partidos que eu procurei.
Acordão ou União pelo Rio Grande do Norte?
O que faltou para o vice-governador Robinson Faria, candidato de oposição a Henrique, não vingasse como adversário?
E os bastidores da política onde quem perde é o Rio Grande do Norte?
Mais revelações do deputado Henrique Alves.
Thaisa Galvão – Você também procurou o hoje candidato a governador, seu principal adversário, Robinson Faria.
Henrique Alves –
Conversamos de forma muito respeitosa. Volto a dizer aqui que tenho o
maior respeito pelo vice-governador Robinson, a conversa com ele não foi
uma só, foi mais de uma, em companhia de seu filho o deputado federal
Fábio Faria, ele sabe, eu sei, aqui eu revelo mais uma vez, foram muito
respeitosas, republicanas, fraternas até, mas não foi possível chegar à
composição. E do mesmo jeito que a gente começou a conversar,
reconhecemos que não foi possível concluí-la como nós queríamos, aí ele
trilhou o seu caminho , eu desejei a ele uma boa sorte, uma boa
campanha. Eu acho que o Rio Grande do Norte merece uma campanha de alto
nível. Eu sei que estamos liderando as pesquisas hoje, 15 pontos, 16
pontos, chegam todo dia notícias, as melhores possíveis, de Macaíba, de
Mossoró, Ceará-Mirim, de Apodi, de Caicó, mas eu sei que essa campanha
será vitoriosa para aquele que, durante o período eleitoral for
verdadeiro, for sincero, for claro, for objetivo. Não pode se fazer um
programa genérico. Todos sabem que a saúde, segurança e a educação, isso
aí todos vão dizer. É dizer o que vai fazer, como vai fazer, se é
factível e convencer as pessoas. Esta é a missão que eu vou procurar
desenvolver. Ser verdadeiro, ser sincero, ser objetivo e dizer como
fazer, do jeito que vamos fazer, e que é possível fazer. Eu acho que
quem passar mais essa sinceridade, essa credibilidade, será governador
do Rio Grande do Norte.
Thaisa Galvão – O que é que existe de ‘acordão’ nessa aliança que vocês chamam de união para salvar o Estado?
Henrique Alves –
Tem que perguntar aos adversários que falam tanto nisso, apenas
revelando, ao meu ver, um certo nervosismo, eu entendo, uma certa
insegurança, que eu entendo mais ainda, porque de repente conversaram
com todos, não conseguiram convencer, conversaram com todos e não
conseguiram agregar, aí querer me culpar porque eu consegui convencer e
consegui agregar, eu acho que é um caminho que não dará um bom resultado
para eles. Enquanto do outro lado, nós temos aí um exemplo bom mesmo,
que foi o apoio de Currais Novos, Geraldo Gomes (DEM), Carlson Gomes
(DEM), candidato a deputado estadual, estamos para definir a situação do
deputado Getúlio Rêgo (DEM), lá do seu grupo político, Pau dos Ferros,
então nós estamos conseguindo trazer, na perspectiva de que não cabe
mais o radicalismo no Rio Grande do Norte.
Thaisa Galvão – Você já foi radical?
Henrique Alves -
Eu posso falar com autoridade porque já fui muito, eu já pratiquei
muito no início pra sobreviver, naquela época de tantas perseguições, de
tanta violência, tanta injustiça, a minha família é a mais cassada do
processo revolucionário. Eu sei o que eu passei pra chegar hoje aqui,
inteiro. Eu sei o que eu vivi, as decepções, as frustrações, eu sei. Eu
já ganhei, eu já perdi, já errei, já acertei, então isso me deu uma
grande maturidade. Você não pode falar em mudança se você não procurar
primeiro ter a capacidade de mudar dentro de si mesmo, e eu acho que eu
mudei. Então na minha conversa hoje não cabe nem radicalismo nem
intolerância, não cabe mesmo. Quem quiser ser radical ou intolerante,
não venha bater nas portas do PMDB porque essa prática não deu resultado
no Rio Grande do Norte recente.
Thaisa
Galvão – Você sempre esteve aberto a colaborar com os governos mesmo
não tendo apoiado. Você via essa mesma disposição em toda a classe
política?
Henrique Alves -
Eu sei de muitas audiências com governadores que iam a Brasília,
chamavam a bancada federal, todos compareciam ou quase todos…na hora
fotografia, abraços, cafezinho, tudo muito bem. No dia seguinte, este
governador ou aquela governadora voltava pro seu estado, aí no dia
seguinte aqueles deputados que eram contrários ligavam, olhe, eu estive
aí….eu sei disso, eu vivi isso, eu acompanhei isso, eu sou testemunha
disso, eu aprendi com isso, eu melhorei por conta dessas coisas que eu
via e não davam melhor resultado para o estado. Aí diziam, eu estive aí
porque fui convidado, mas, essa governadora, esse governador é um
desastre, e as coisas não caminhavam. Porque não é só pedir a um
ministro e achar que resolve, não. Tem o dia-a-dia, acompanhar, que eu
conheço. Insistir, ir atrás, segundo escalão, terceiro escalão, pegar o
projeto, debater, discutir, rediscutir, pra dar certo. Então eu acho que
esse tempo todo foi de grande aprendizado, e fazer essa ampla costura
política que é um primeiro passo. Eu sei o que é eleição, já ganhei e já
perdi. É um primeiro passo pra você fazer a aliança política em torno
de um projeto que estamos costurando juntos pra depois levar essas
ideias ao cidadão, à cidadã, que não está ainda, a meu ver, ligado na
eleição. Vai se ligar logo, logo, e ele vai querer saber, não é se o
candidato tem mais ou menos apoio, que é importante é, pela liderança
local, mas ele quer saber o seu problema, o seu emprego, a sua renda, a
sua segurança, a sua saúde, como é que esse cidadão vai resolver se for
governador. É essa a minha preocupação. É preparar uma proposta
exequível, clara, transparente para o povo julgar com ampla liberdade no
dia 5 de outubro.
Nessa
entrevista concedida ao Blog no meio da semana, o deputado Henrique
Alves falou de sua relação com o governo Rosalba, do conselho político
que na realidade nunca existiu, da saída do PMDB do governo…e faz uma
revelação: vai ser eleito governador do Rio Grande do Norte.
Thaisa
Galvão – Por que a aliança tem o DEM mas não tem a governadora Rosalba
Ciarlini? Você até bem pouco tempo era aliado dela.
Henrique Alves –
Veja bem, eu não votei na governadora Rosalba, eu votei em Iberê.
Aliás, as pessoas se esquecem, mas na eleição passada eu votei no PSB.
Eu votei em Iberê governador e votei em Wilma senadora. Eu não votei em
Zé Agripino. Declarei à época, votei em Garibaldi para o Senado, em
Wilma para o Senado acompanhando a aliança que eu assumi, e Garibaldi
tomou um rumo diferente porque convivendo com Zé Agripino e com Rosalba
no Senado criou uma afinidade pessoal e terminou apoiando Rosalba e Zé
Agripino. Eu fiquei com Iberê e fiquei com Wilma, e com Garibaldi,
lógico, para o Senado. Então agora vamos caminhar para a vitória com o
PSB e com todos esses partidos acreditando que esse debate irá fazer uma
campanha muito clara, e veja bem, eleição, vou deixar isso com muita
clareza também, não é uma guerra. Não pode ser uma guerra onde as
pessoas se armam para destruir umas as outras. Por uma razão muito
simples: já foi no passado, e o que aconteceu depois? Os vencedores não
eram vencedores. Eram pessoas mutiladas, que perdiam a autoridade, a
liderança, a força política pra fazer o que o estado precisava que fosse
feito. Então Rosalba, que Garibaldi apoiou e eu não apoiei, mas como eu
perdi a eleição, Garibaldi ganhou, eu como democrata, não podíamos
ficar separados. Você ganhou, eu perdi, vou me juntar a você e vou me
juntar a Rosalba. Assim eu fiz, de forma pública aqui e em Brasília,
aqui com a presidenta Dilma, tentei ajudar. Garibaldi quando foi lá pelo
mês de maio, junho (2013) começou a dizer, ‘Henrique não tá dando
certo, Rosalba não está nos ouvindo, a gente não está tendo uma
participação maior. Eu pedi um pouco mais de tempo pra ver se melhora,
Garibaldi’…
Thaisa Galvão – Você resistiu mais do que ele…
Henrique Alves –
Porque nós tínhamos criado um conselho político em abril, pra se
reunir, e não conseguiu se reunir uma vez sequer. Qual era a ideia do
conselho? Todo mês uma reunião pra ouvir, as dificuldades…
Thaisa Galvão – A quem você atribui o fato do conselho não ter funcionado?
Henrique Alves –
Eu acho que a ela mesmo que é a governadora. A ideia do conselho não
era pedir coisas não, era a cada mês ter uma reunião para dizer as
dificuldades do estado os problemas, o que ela estava fazendo, ouvir
críticas construtivas, mudar ou aplaudir. Mas o fato é que a gente não
se reuniu uma vez sequer. Aí a gente foi percebendo que a governadora
não queria interagir, não sei quais eram seus objetivos, Garibaldi se
afastou, deu várias declarações, Walter Alves deu várias antes, até que
chegou uma hora que eu disse então vamos sair do governo. Então na hora
que a gente sai do governo por não aprovar a conduta do governo, nada
aqui do ponto de vista pessoal, pelo contrário, acho que é uma mulher
honesta, simples, humilde, mas o seu governo, como governo, como atuação
conjunta, o conjunto da obra, ele não conseguiu interagir, não
conseguiu descentralizar-se, não conseguiu caminhar.
Thaisa Galvão – Quem perdeu com isso?
Henrique Alves -
Eu acho que ela foi a maior vítima, começou a pagar o preço maior das
coisas não acontecerem, como era o jogo do seu governo. Então por isso
que nós nos afastamos do seu governo, não tinha sentido nós nos aliarmos
a um partido sob seu comando. Era incoerente, era contraditório sair do
governo, combatendo o governo, estarmos com ela agora no palanque. Aí
foi quando o próprio DEM também insatisfeito, como o PR também, chegou à
situação que chegou e a partir daí, com o comando do senador Zé
Agripino partimos pra uma aliança proporcional com aquelas pessoas que
estavam dispostas a fazer esse novo Rio Grande do Norte.
Thaisa Galvão – Rosalba teve que sair do jogo porque lhe atrapalhava? Você atuou junto ao DEM para tirar Rosalba do páreo?
Henrique Alves –
Não, absolutamente, foi uma decisão dele, de Zé Agripino, que eu acho
que eu acho que começava a se preocupar com a candidatura, que segundo
eles, pela rejeição que tinha poderia não se viabilizar eleitoralmente a
atingir a bancada proporcional. A mim, eu declarei várias vezes, cabia
apenas aguardar, até porque o DEM não ia se coligar conosco
majoritariamente, seria uma coligação proporcional, não haveria portanto
o DEM coligado conosco, ajudando no tempo de televisão, na proposta
principal de candidatura ao governo. Então tomaram a decisão que
tomaram, aguardei a decisão e a partir daí o senador Zé Agripino nos
procurou e eu o recebi muito bem porque é uma liderança nacional das
mais respeitadas no país, e eu sei no Congresso Nacional, e nós estamos
juntos aí recebendo a sua contribuição e o seu prestígio.
Thaisa
Galvão – Você já parou pra pensar na possibilidade de perder a eleição
e, depois de 44 anos na Câmara, pela primeira vez ficar sem mandato?
Henrique Alves – Não. Eu sou otimista. Eu vou ganhar a eleição.
Foto Cláudio Abdon
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