José Agripino enfrenta Carlos e Rosalba em partido para fazer aliança com PMDB de Henrique Alves
O senador José
Agripino (DEM) empreende cruzada para assegurar aliança do seu partido
com o PMDB, na campanha eleitoral deste ano. Mas enfrenta contraposição
de outra corrente, que defende candidatura própria, a princípio, da
própria governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Agripino tem conversado pessoalmente e
por telefone com integrantes-votantes do partido. No próximo dia 2, os
convencionais vão decidir se o DEM formaliza composição com o PMDB e
candidatura a governo do presidente da Câmara Federal, Henrique Alves
(PMDB), ou segue em faixa própria.
Apesar da lealdade e afinidade de
décadas com Agripino, o líder governista na Assembleia Legislativa,
Getúlio Rêgo (DEM), tem sido o principal nome da infantaria em defesa da
candidatura à reeleição. Cumpre missão confiada pelo secretário-chefe
do Gabinete Civil do Estado e marido da governadora Rosalba, o
ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM).
Em contrapartida, a Governadoria tem-lhe sido generosa no atendimento a pleitos diferenciados.
À semana passada, o próprio Getúlio acompanhou o casal Carlos-Rosalba
em reunião no apartamento de Agripino em Natal, quando se reforçou
argumento em defesa do projeto de reeleição de Rosalba. O senador
manteve–se recalcitrante.
Para José Agripino,
Rosalba está inviabilizada eleitoralmente, com maciça rejeição em todo o
estado, além de impedida legalmente, haja vista que continua
inelegível. Mesmo com decisão favorável de um processo, recentemente, no
Tribunal Regional Eleitoral (TRE), segue com esse impedimento em
instância judicial maior – o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na visão de Agripino, manter uma postulação dessa natureza é repetir o erro cometido em recente eleição suplementar de Mossoró.
No pleito de Mossoró, a prefeita cassada
e afastada Cláudia Regina (DEM) não abriu mão de ser outra vez
concorrente, mesmo Agripino ponderando que seria uma insanidade. “É uma
loucura”, exclamou.
Cláudia sequer teve o nome e chapa
registrados pela Justiça Eleitoral. Pela primeira vez em 26 anos, o
grupo de Agripino, Carlos e Rosalba não teve um candidato em chapa à
Prefeitura mossoroense.
Agripino estava certo e, como adiantara
para ela, sequer apareceu em Mossoró para as primeiras escaramuças da
candidatura natimorta da aliada e amiga.
Resistência
Em relação à Rosalba, nitidamente existe
um partido dividido: a bifurcação aponta para uma decisão já costurada
pelo próprio Agripino, de aliança com o PMDB. A outra, é de pura
resistência do casal Carlos-Rosalba, que mesmo diante de tantas
adversidades, quer ir para nova campanha.
Na campanha municipal de 2012,
governadora do estado, Rosalba só esteve em cerca de quatro municípios
como força de apoio. Dos 167 municípios potiguares, na enorme maioria a
sua presença foi considerada inapropriada por candidatos ligados à base
governista.
Para uma nova campanha, hoje a
governadora teria um DEM dividido, o apoio do PP, controlado por seu
cunhado e deputado federal Betinho Rosado, além de alguma legenda de
pouca expressão.
Sua chegada ao poder em janeiro de 2011
foi endossada por forte apoio interpartidário e cresceu nos primeiros
meses de gestão. Mas em momento algum deu sinal de vitalidade. Acumulou
desgaste com os mais diversos setores da atividade pública e da
sociedade, alcançado níveis superlativos de reprovação.
Desdobramentos
O agravante, é que gradualmente foi
perdendo apoios e ganhou a antipatia da opinião pública. Centralizador e
com dificuldade de dialogar com a sociedade civil organizada, outros
poderes e dar resposta às demandas sociais, acabou ensimesmado.
A aposta de Carlos e Rosalba, é que com a
“máquina” do Estado possa reverter tudo, transformando água em vinho,
multiplicando os pães e obtendo a ressurreição de imagem. Enfim, uma
sequência de milagres políticos.
No encontro do DEM, no próximo dia 2,
valerá a força de liderança e de catequese dos convencionais,
independentemente de aspectos eleitorais e legais. Agripino com seus
argumentos; Carlos e Rosalba com o “convencimento” da caneta.
O resultado do que será decidido não
encerrará esse litígio entre as lideranças. A parte vencida,
dificilmente sairá dócil e conformada. A vencedora, também engolirá
algum ônus.
Os desdobramentos devem produzir novos efeitos políticos na campanha deste ano e adiante. O DEM não será o mesmo.
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