Real, 21 anos”, análise do ITV
Na
manhã de uma sexta-feira, 21 anos atrás, entrava em circulação a moeda
que viria a derrotar a inflação que durante anos destruíra o horizonte
do país e tornara a vida dos brasileiros um verdadeiro martírio. O Plano
Real completa hoje mais um aniversário, no mesmo momento em que a alta
dos preços tem aterrorizado a população.
Aquela foi a oitava
tentativa de estabilização da moeda desde o fim do regime militar,
recebida com enorme expectativa pela população – cansada de conviver com
preços que chegavam a dobrar em apenas um mês – e a desconfiança
costumeira daqueles que eram então oposição.
Candidato do PT à
presidência da República pela segunda vez, Luiz Inácio Lula da Silva
classificava o plano como “estelionato eleitoral”. No Congresso, seu
partido votaria repetidamente contra a MP n° 1.027, que criou a nova
moeda. Mas o plano saiu-se vitorioso do embate.
Relembrar as
dificuldades da implantação da nova moeda neste momento é importante
para a preservação desta conquista crucial para o país que temos hoje. A
estabilização da economia lançou as bases de todas as conquistas
econômicas e sociais que o Brasil viria a alcançar nestes últimos 21
anos.
Até 1994, os brasileiros haviam se acostumado a uma rotina
em que o salário chegava ao fim do mês valendo metade do que valia
quando era pago. No ano anterior, o índice geral de preços atingira
2.477%. No último mês de vigência da antiga moeda, o cruzeiro real, que
circulara durante menos de um ano, a inflação havia chegado a 47%.
Definitivamente, não dava para viver assim.
O real foi concebido
por uma equipe de economistas comandada pelo então ministro da Fazenda,
Fernando Henrique Cardoso, com apoio decidido do presidente Itamar
Franco. A entrada em vigor da nova moeda foi precedida por um rigoroso
ajuste nas contas do governo, iniciado em junho de 1993.
À nova
moeda seguiram-se, já no governo Fernando Henrique, um ambicioso
programa de modernização do Estado, as privatizações, a maior integração
do Brasil ao mundo e, já no segundo mandato, a definição de uma
política estruturada de responsabilidade fiscal. Tais alicerces
permitiram ao país continuar avançando mesmo no governo do PT.
Nos
últimos anos, estas conquistas vêm sendo ameaçadas por um governo
incompetente, sob o manto de uma visão equivocada do papel do Estado, da
enorme irresponsabilidade no trato das contas públicas e o do assalto
aos cofres públicos patrocinado por uma organização criminosa que
dilapidou a herança bendita que recebera. Em risco está o esforço de
milhões de brasileiros posto na construção de um país melhor inaugurada
duas décadas atrás pelo Plano Real, uma realização genuinamente tucana
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