Do G1
Eduardo Cunha diz que provará ao Conselho de Ética que falou a verdade
Conselho apura se ele quebrou decoro ao negar que possui contas no
exterior. Documentos do MP da Suíça mostram existência de contas no
país europeu.
Por Fernanda Calgaro
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse
nesta terça-feira (3) que irá provar no Conselho de Ética que não faltou
com a verdade.
A declaração foi dada horas após o conselho instaurar processo para
investigar se Cunha cometeu quebra de decoro parlamentar por não ter
declarado à Justiça Eleitoral ter contas bancárias na Suíça atribuídas a
ele e a parentes. Segundo a Procuradoria Geral da República, documentos
enviados pelo Ministério Público suíço confirmam a existência dessas
contas. Em depoimento à CPI da Petrobras, em março, Cunha negou ter
qualquer conta no exterior.
As investigações do Conselho de Ética poderão resultar em absolvição,
censura verbal ou escrita, suspensão ou cassação do mandato. “Vou
provar que não faltei com a verdade”, afirmou o deputado. Ao ser
perguntado sobre a representação contra ele, Cunha disse que ainda não
havia lido o documento nem pensado sobre a estratégia de defesa.
“Não tomei nenhuma decisão a respeito, deixa primeiro definir o
relator. Depois de definido, vou avaliar. Ainda nem pensei sobre isso”,
afirmou. “Nem sequer li a representação”, completou. Cunha relatou que
quer encontrar seu advogado ainda nesta terça-feira para definir os
próximos passos. “Vou apresentar a defesa com base no fato em si. Vou
pegar o meu advogado, discutir com ele”, declarou.
Para Cunha, o processo no Conselho de Ética é diferente dos inquéritos a
que ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF). “São duas coisas
distintas”, disse, acrescentando que o processo no Supremo já tem como
consequência, no caso de condenação, a perda de mandato, o que
dispensaria a necessidade do Conselho de Ética.
“É diferente porque, se todo mundo que tivesse um processo fosse para
o Conselho de Ética por quebra de decoro, teria que ter uns 150 no
Conselho de Ética, porque é mais ou menos uns 150 que respondem a
processo no Supremo”, disse. O presidente da Câmara negou, ainda, haver
qualquer constrangimento em responder a um processo no colegiado. Ele
não quis comentar os nomes dos deputados sorteados para relatar o
processo.
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos de Araújo (PSD-BA),
precisa escolher dentre três nomes sorteados nesta terça qual será o
relator do caso, a quem caberá fazer um relatório preliminar em até 10
dias. Foram sorteados os deputados José Geraldo (PT-PA), Vinicius Gurgel
(PR-AP) e Fausto Pinato (PRB-SP).
José Geraldo e Vinicius Gurgel já afirmaram que há indícios “fortes”
contra o peemedebista. Já o terceiro sorteado, Fausto Pinato, não quis
emitir opinião sobre as provas apresentadas até agora. “Não posso falar,
porque podem me considerar impedido de relator depois”, disse. Assim
como os demais, ele afirmou que aceitará ser relator, se for nomeado
pelo presidente do Conselho de Ética.FONTE:THAISA GALVÃO
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