Alvo de denúncias no último mês, a
dupla de peemedebistas vai comandar a pauta de votações do Congresso
pelos próximos dois anos.
Eleito
no início da tarde desta segunda-feira para presidir a Câmara dos
Deputados pelos próximos dois anos, o peemedebista Henrique Eduardo
Alves (RN) adotou um discurso semelhante ao do colega de partido Renan
Calheiros (AL), mas obteve uma votação mais apertada à alcançada pelo
correligionário na sexta-feira passada (01). Henrique Eduardo Alves
conseguiu 271 votos dos 497 deputados federais presentes à sessão, o que
corresponde a 54,52% do total. Renan Calheiros, por sua vez, registrou o
apoio de 56 dos 78 senadores, ou seja, 71,79%.
Alvejada
por denúncias no último mês, a dupla vai comandar a pauta de votações
do Congresso pelos próximos dois anos. Com plataformas e atitudes
parecidas, os dois afirmaram que vão atuar de forma independente em
relação ao Executivo e, apesar das acusações que pesam contra si,
fizeram questão de se proclamarem favoráveis à liberdade de imprensa e
de expressão.
Renan Calheiros foi
denunciado há duas semanas pelo procurador-geral da República, Roberto
Gurgel , por peculato (desvio de dinheiro público), uso de documento
falso e falsidade ideológica. Renan é acusado de não ter patrimônio
suficiente para bancar as despesas que teve de um relacionamento
extraconjugal.
Na época do
surgimento do escândalo, em 2007, o senador do PMDB renunciou à
Presidência do Senado para não ter o mandato parlamentar cassado. Antes
da eleição, Renan Calheiros acusou Gurgel, em nota, de ter feito uma
denúncia "nitidamente política". Porém, não se pronunciou sobre os
detalhes da ação criminal do procurador-geral reveladas no dia da
eleição.
Henrique Eduardo Alves é
acusado, entre outros fatos, de enriquecimento ilícito pelo Ministério
Público Federal em Brasília por supostamente manter US$ 15 milhões em
contas não declaradas no exterior. Essa suspeita veio à tona em 2002 e o
levou a abdicar da indicação de candidato a vice-presidente na chapa do
tucano José Serra. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo
no dia 13 de janeiro revelou que o deputado conseguiu na Justiça adiar
uma decisão sobre a quebra do seu sigilo bancário.
No
seu discurso antes de eleito, o novo presidente da Câmara afirmou que
no último mês quiseram construir um novo Henrique com a publicação das
reportagens. "No mês eleitoral, quiseram rediscutir o Henrique, quiseram
refazer o Henrique, construir outro Henrique", disse. Ele ressalvou que
essas denúncias não chamuscam o alicerce que ele construiu em sua vida e
defendeu a liberdade de imprensa.
Fonte: Agência Estado
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