O julgamento de Bruno ocorre quatro meses depois do júri que condenou Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a 15 anos pelo sequestro das duas vítimas e por participação na morte de Eliza. Bruno só não foi julgado com Macarrão porque, no meio do júri, dispensou o advogado Rui Pimenta, com o argumento de que não se sentia seguro com o defensor.
Reveja o caso Eliza Samudio
Macarrão, que silenciou durante o inquérito e a fase de instrução, disse em seu depoimento no júri que tentou demover Bruno da ideia de matar Eliza.
Diante da recusa do amigo, Macarrão afirmou que só aceitou levar Eliza para o que "pressentia" ser a sua morte por ser subordinado a Bruno. Pela confissão, Romão teve a pena reduzida em oito anos --caso contrário seria condenado a 23 anos.
Na avaliação de advogados criminalistas, o depoimento de Macarrão complicou a situação do goleiro. "A tese de Bruno como mandante foi admitida no julgamento anterior, que teve a participação da mesma juíza e do mesmo promotor. É uma prova forte. A tendência é que o novo corpo de jurados admita isso também", afirma o jurista Luiz Flávio Gomes, ex-promotor e ex-juiz.
"A situação fica muito difícil quando se tem um réu confesso delatando [Bruno] e um conjunto probatório tão grande. A confissão do Macarrão, que coloca Bruno como autor, vai ter uma influência grande", opina Fernando José da Costa, presidente da Comissão de Direito Criminal da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo).
Além da delação de Macarrão, pesa contra Bruno o fato de que, após a condenação do ex-amigo e de Fernanda Gomes de Castro, a morte de Eliza foi legalmente reconhecida.
Estratégias
Diante do cenário adverso, a estratégia que restou à defesa de Bruno será a de desqualificar o depoimento de Macarrão e tentar convencer os jurados de que a morte foi decidida pelo delator do goleiro.Já a acusação tem certeza que o goleiro será condenado e promete apresentar uma testemunha que "sabe de tudo", conforme disse o advogado-assistente da acusação José Arteiro de Almeida, que auxiliará o promotor Henry Wagner de Castro.
Bruno está preso desde julho de 2010 na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, assim como Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também acusado pela morte de Eliza. O goleiro, que recentemente passou a coordenar a faxina do presídio, está preocupado com "fatores externos" ao julgamento, segundo sua defesa.
Dayanne chegou a ficar presa por mais de cinco meses, entre julho e dezembro de 2010. Desde então, aguarda o julgamento em liberdade.
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4.mar.2013
- Veículos de imprensa montaram estrutura para cobertura do julgamento
do goleiro Bruno no fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (MG). Ele é
acusado de ter ordenado o sequestro e morte da modelo Eliza Samudio,
além de ter ocultado o cadáver da vítima Gabriela Fujita/UOL
Delator do crime será testemunha
No total, 15 testemunhas foram arroladas pela acusação e defesa. Um dos depoimentos mais aguardados no julgamento será de Jorge Luís Rosa, 19, primo de Bruno que admitiu ter participado do sequestro e da morte de Samudio. Menor à época do sumiço da moça, Rosa foi o delator e principal testemunha dos crimes. Ele foi arrolado como testemunha tanto pela acusação como pela defesa do goleiro.Ao longo do processo, Rosa por diversas vezes mudou a sua versão para o crime, entrando em contradição mais de uma vez. No último domingo (24), em entrevista ao "Fantástico", da "TV Globo", acusou Macarrão de ter planejado a morte de Eliza. Inicialmente, na entrevista, disse que Bruno não sabia da intenção de matar a modelo. Minutos depois, voltou atrás e afirmou que era impossível que o goleiro não soubesse do plano para matá-la.
Além de Bruno, Dayanne, Fernanda e Macarrão, irão a júri, em maio próximo, Elenílson Vítor da Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, acusado de ajudar a manter Eliza e o bebê em cárcere; e Wemerson Marques dos Santos, o Coxinha, ex-motorista de Bruno que responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de ambos.
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o autor da morte de Eliza, também deveria ter sido julgado em novembro passado, mas seu júri foi adiado para abril deste ano após Ercio Quaresma, seu advogado, ter abandonado o julgamento.
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