Quem vê o ministro Herman Benjamin alinhado
no terno e na gravata – seja no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seja
no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde dá esticados expedientes –
não deve imaginar que ele agende um café matinal em um armazém popular e
pitoresco de Brasília, o Bar do Mercado, na 509 da W3 Sul.
“É onde se compra o melhor bacalhau”, diz, instalado numa banqueta alta em uma das mesinhas do mezanino.
Está de camisa polo azul-marinho, de mangas curtas.
Aparenta o cansaço de poucas horas de sono, e o incômodo de quem está
às voltas, como se já não bastasse o resto, com um complicado e
demorado tratamento dentário.
O resto, por assim dizer, é a ação, protocolada em dezembro de 2014,
em que o PSDB e uma mixórdia de partidos aliados pedem a cassação de Dilma Rousseff e Michel Temer, eleitos naquele ano.
Seis meses depois de ter assumido o processo, como corregedor do TSE,
o ministro o finalizou, na semana passada – com um impressionante
relatório de mais de mil páginas, e um acervo documental de estimadas 50
mil.
Missão cumprida, tocou a bola para o ministro Gilmar Mendes,
presidente do TSE, que marcou o inicio do julgamento para a próxima
terça-feira.
Na manhã do café no Bar do Mercado, Benjamin ainda não tinha
resolvido por completo o momento em que iria tornar público o que mais
interessa – seu voto de relator.
Com mais alguns dias, optou por só divulgá-lo no momento do
julgamento. “Antes, só aumentaria a pressão, desnecessariamente”, disse
ao Estado na semana passada.
O ministro faz cara de paisagem quando vê cascas de banana em perguntas ou afirmações pueris.
“O sr. vai votar pela cassação de ambos (Dilma Rousseff e Michel Temer), afirmando ter provas, e deixar como está a questão da inelegibilidade, por não ter provas. Não é?”.
Entre um gole e outro no café com leite, dá um tapa com luva de pelica: “Você não quer me ajudar a escrevê-lo?”.
É a forma catoleense para repelir abelhudos.
Catoleense é o gentílico para quem nasce em Catolé do Rocha, no sertão da Paraíba, a 450 quilômetros de João Pessoa.
É onde ainda segue, firme e forte, dona Iracema Maia Benjamin, a mãe viúva de 83 anos.
“Eu tento ir todos os anos, mas não é sempre que dá”, disse. Suas duas irmãs, ambas enfermeiras, também moram em Brasília.
Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin,
59 anos – fará 60 em novembro –, saiu de Catolé para o mundo aos 11
anos. O pai, médico formado no Rio de Janeiro, exerceu a profissão em
Catolé e longínquos arredores.
O menino via aquela fila de gente pobre e com fome que o dr. Antônio
religiosamente atendia, de graça, entre cinco e seis da manhã.
Ouvia muito rádio, também, principalmente as transmissões em
português das estações estrangeiras que sintonizava, em ondas curtas:
Voz da America, BBC de Londres, rádio Moscou e rádio Tirana.
“Pegavam melhor que a rádio Cajazeiras”, contou, saudoso.
DO LOUCO CIRO GOMES: " EU DARIA UMA SURRA NELE'
Ciro Gomes, neste domingo, disse que derrotar João Doria “é moleza”.
Ele disse também:
“Eu daria uma surra nele”.FONTE: ROBSON PIRES
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