Por Neto Queiroz *
Minimizando a onda de violência que hoje atinge o Rio Grande do
Norte, o governador Robinson Faria justificou dizendo que estamos
assistindo a uma guerra de gangues. As facções se aniquilando
mutuamente.
Robinson, que se declarou um estudioso da violência a vários anos,
busca uma explicação para tirar do colo do seu desgoverno, mais de um
milhar de cadáveres frutos da violência no RN nos cinco primeiros meses
do ano.
Em outras palavras, o governador quer dizer que não nos preocupemos
porque é bandido matando bandido, trata-se de uma limpeza. Os não sei
quantos mortos em Alcaçuz foram uma limpeza. Os jovens e adolescentes
drogados que atiram uns nos outros é uma limpeza. A quadrilha que acerta
contas com a quadrilha concorrente é uma limpeza.
O papel do Estado seria então, pensa o estudioso Robinson, assistir a
essa matança, fazendo a limpeza dos corpos para o sepultamento.
Só que o governador está redondamente enganado. Ou talvez nem esteja
esganado, apenas se faça para melhor passar. É um discurso de
sobrevivência quando nenhum discurso lhe resta.
Precisamos dizer ao governador que ontem em Mossoró foi morto um
cidadão de bem, assassinado em sua casa por quatro assaltantes. Que
antes de ontem às margens da RN 117, entre Mossoró e Governador foi
assassinado um comerciante que estava na sua bodega trabalhando para
manter sua família. E que antes disso, dezenas de homens, mulheres e até
crianças foram assassinadas sem fazerem parte de facções ou de bandos.
Para o governador que tem seu carro blindado, que tem segurança à
porta de casa, que tem equipes de segurança que o acompanham a cada
local que vá, tudo ainda vai continuar sendo uma questão de discurso.
Na reunião da FIern, recentemente, o governador durante um enfadonho
discurso de mais de uma hora de duração, após receber um bilhetinho
pedindo que encerrasse, disse que ainda havia muito por dizer e que se
fosse falar de segurança teria mais de uma hora para dizer o quanto seu
governo fez nessa área.
Esse é o problema, governador! Discurso tem demais. Mas são discursos que não combinam com a realidade que vivemos.
O Ronda Cidadã é apenas uma peça de marketing. A chacina em Alcaçuz é
real. Depois da crise do sistema prisional e de Alcaçuz, quando se
acreditava que nenhuma notícia da violência ainda poderia ser pior, veio
a fuga dos 91 da cadeia de Parnamirim. Esse é um governo que não se
cansa de ser ruim, de ser negativo, de ser indecente. E não precisa ser
vidente para prever que outras notícias piores virão.
Penso que o governador Robinson Faria deveria ao menos ter a honradez
de fazer um discurso sincero ao povo potiguar. De reconhecer os erros,
de ter consciência de sua incapacidade, ao invés de dizer que precisa de
mais de uma hora para falar tudo que seu governo fez pela segurança.
Humildade, coragem para falar a verdade, sinceridade para dizer onde
estão os problemas e capacidade para buscar junto com a sociedade e os
movimentos organizados, as soluções para o problema.
É o mínimo que se espera desse governo.
Menos discurso, menos marketing e mais espírito público.
*jornalista em Mossoró há 28 anos, advogado e professor de História.
PROTESTO EM SÃO PAULO COM ARTISTAS PEDE SAÍDA DE TEMER E DIRETAS JÁ
Nivaldo Souza
Colaboração para o UOL, em São Paulo
Artistas de diversas áreas se reuniram neste domingo (4) no Largo da
Batata, na zona oeste de São Paulo, em ato que pede a saída do
presidente Michel Temer (PMDB) e a convocação de eleições diretas para
substituí-lo. O ato pelas Diretas Já em São Paulo foi convocado por
ativistas e cerca de 30 blocos de Carnaval, entre ele o Acadêmicos do
Baixo Augusta e o Tarado Ni Você, que interpreta canções de Caetano
Veloso.
Já passaram pelo palco os cantores Criolo, Rael, Chico César, Edgar
Scandurra, Emicida, Otto, Paulo Miclos, Péricles, Pitty, Simoninha e
Tulipa Ruiz. Além do blocos de carnaval Tarado Ni Você e Acadêmicos do
Baixo Augusta. Até às 18h, devem se apresentar Mano Brown e Maria Gadú.
Primeiro a cantar neste domingo, o cantor Chico César defendeu
eleições diretas para evitar o que chama de “ataque a direitos
conquistados pelo povo”, sob ameaça das reformas implementadas pelo
governo Temer, como a trabalhista e a previdenciária. “A bandeira da
democracia é nossa, é dos trabalhadores, é do povo”, diz. “O Brasil quer escolher seu presidente e, se possível, já”, afirmou.O
cantor também comentou a situação do secretário de Cultura da
Prefeitura de São Paulo, André Sturm, que foi gravado ameaçando “quebrar
a cara” um líder de movimento cultural da cidade. “Isso é inaceitável. O
movimento pede a saída desse secretário já”, disse.
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme
Boulos, criticou articulações do Congresso para eleger indiretamente o
ocupante do Palácio do Planalto em caso de queda de Temer. “Esse
Congresso Nacional não tem autoridade moral para eleger o presidente. O
que a gente defende é que o povo escolha quem será o presidente”, disse.
Ele cobrou a aprovação pelo Congresso da PEC (proposta de emenda
constitucional) convocando eleições diretas em caso de afastamento de
Temer.
Boulos avalia que o presidente Temer “não tem condições de
estar lá (no Planalto), após a delação da JBS implicá-lo diretamente na
Lava Jato.
A atriz Mônica Iozzi discurso alertando para o fato de o presidente
Michel Temer poder escolher em agosto o novo procurador-geral da
República, após a saída de Rodrigo Janot. “Ou seja, o criminoso vai
escolher o próprio delegado”, disse. “Tão importante quanto o ‘Fora,
Temer’ são as Diretas Já”, afirmou. Apesar do discurso de Mônica, a
maioria dos artistas optou por não fazer longos discursos. No geral,
eles gritam “Fora, Temer ” e “Diretas Já”.
Embora os movimentos sociais sejam coadjuvantes do evento, algumas
centrais sindicais e partidos como PSOL e PCO participam do ato. Os
deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Paulo Teixeira (PT-SP) também
compareceram.
A atriz e poetisa Elisa Lucinda fez um discurso calcado na questão do
racismo, pedindo Diretas Já é uma “vassourinha” nos preconceitos de
parte da esquerda brasileira. “A esquerda também é machista, homofóbica e racista. Precisamos passar uma vassourinha na esquerda também”, disse.
A autônoma Pamela Catarine, 22, veio de Embu das Artes para “ver o
show e protestar”. Ela diz que quer votar para presidente. O candidato
preferido dela é o ex-presidente Lula. “Se ele puder participar, eu voto
no Lula”, diz.BLOG\: O PRIMO
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