O prefeito de Natal, Carlos Eduardo, esteve mais entusiasmado com a possibilidade de sair candidato a governador. No momento, estuda cuidadosamente essa possibilidade, tendo como principal motivo, a falta do ex-ministro Henrique coordenando sua campanha.
O FATOR LULA
Depois de ser condenado no caso do tríplex, Lula ampliou sua liderança na corrida presidencial. O novo Datafolha mostra o petista isolado na frente, com pelo menos 35% das intenções de voto. É mais que o dobro do segundo colocado, o deputado Jair Bolsonaro.
A rejeição ao ex-presidente também recuou. A fatia de eleitores que dizem não votar nele de jeito nenhum caiu de 46% para 42%. É um percentual alto, mas não significa que ele seja um rival fácil de ser batido no segundo turno. Pelo contrário: se a eleição fosse hoje, Lula vence todas todos os adversários que se apresentam como pré-candidatos.
Seria a pesquisa dos sonhos para o PT se não fosse por um detalhe. Nada menos que 54% dos brasileiros defendem que Lula seja preso. Ele já foi sentenciado a nove anos e meio, mas recorre em liberdade. Além disso, é réu em outras seis ações penais.
Não se sabe quantos entrevistados leram as 238 páginas da primeira sentença de Sergio Moro. Admitindo-se que o grupo seja residual, a maioria formou sua opinião com base em dois fatores: o noticiário de Curitiba e a torcida contra o ex-presidente.
Aqui surge a segunda contradição da história. Muitos eleitores cruzam os dedos para que Lula seja preso e assim fique longe do Planalto. No Congresso, antipetistas profissionais dizem que o raciocínio está errado. Nove entre dez tucanos preferem ver o ex-presidente condenado, porém em casa. Na cadeia, ele reforçaria o discurso de perseguição política, com altos dividendos eleitorais.
Vistos em conjunto, os números indicam que a sociedade continua fortemente polarizada em torno do petista. Isso sugere que uma eleição com Lula arrisca terminar em impasse. Se ele for preso, uma fatia expressiva da população pode questionar a legitimidade do pleito. Se for eleito sem derrubar a condenação na Justiça, outro grupo considerável pode contestar sua vitória. Não é um cenário animador para a democracia, seja qual for o lado do eleitor.
CASO AÉCIO: CÁRMEN LÚCIA TEME CRISE ENTRE PODERES
Presidente do STF, Cármen Lúcia não escondeu de ninguém nesta segunda (2) seu cansaço e preocupação com o impasse instaurado entre a corte e o Senado após a decisão que afastou Aécio Neves (PSDB-MG). Ciente de que o veredito será derrubado pelos políticos, a ministra conversou com colegas. Disse ter dormido pouco e avaliou, com lamento, que o Supremo sairá desgastado do episódio. O tribunal não deve mais versar sobre o assunto em liminares. Ao plenário, a palavra final, dia 11.
Integrantes dos universos jurídico e político ponderam que, se o Supremo vetar a deliberação do Legislativo sobre o afastamento, o “caso Aécio” pode se repetir nos Estados, disseminando a queda de braço entre Poderes.
Em meio à polêmica, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), avisou que vai se ausentar da Casa por uma semana. A partir de quinta (5), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), primeiro-vice-presidente, assume o posto.
INVESTIGAÇÃO SOBRE FORTUNA DE GEDEL ESTÁ PARADA
A investigação sobre os R$ 51 milhões de Geddel Vieira Lima está parada. O ministro Edson Fachin, do Supremo, ainda não decidiu se o caso será desmembrado. O irmão do ex-ministro, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), tem foro e foi citado.
O dinheiro foi encontrado num apartamento em Salvador, que teria sido emprestado ao deputado. A PF encontrou impressões digitais do deputado nas notas de dinheiro. O Palácio do Planalto se preocupa com uma delação premiada de Geddel. Muito próximo ao presidente Michel Temer e à cúpula do PMDB na Câmara, ele poderia complicar seus colegas de partidos.
Até agora, contudo, Geddel preferiu se manter em silêncio sobre a orIgem do dinheiro.
ENTRE O PLANALTO E A CADEIA, A ESQUIZOFRENIA POLÍTICA
Dois fatos vêm sendo confirmados por todas as pesquisas e parecem inegáveis no retrato do momento: a grande resiliência do ex-presidente Lula na liderança da disputa presidencial, mesmo depois de condenado e delatado pelo ex-amigo Antonio Palocci, e a impopularidade superlativa do presidente Michel Temer, a maior de todas as séries de todos os levantamentos pós-ditadura.
Fora isso, porém, há uma grande confusão nos dados trazidos pelos institutos, expondo enormes contradições no eleitorado, que já não reflete só a tradicional divisão das forças políticas, mas chegou a um estado de fragmentação, ou quem sabe, estupefação.
O Datafolha do fim de semana ajuda a reforçar essa percepção quando se lê o conjunto da obra. O mesmo Lula que lidera em todos os cenários, chegando a 36% das preferências, e teve uma queda de 4 p.p. em sua rejeição – de 46% para 42% – deveria ser preso na opinião de 54% desses mesmos entrevistados.FONTE: ROBSON PIRES
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