sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

RENAN CALHEIROS SE TORNA RÉU PELA PRIMEIRA VEZ

Da Revista Exame
Após nove anos de investigações, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), virou réu pela primeira vez na tarde desta quinta-feira (1º) em ação por supostamente receber propina da construtora Mendes Júnior.
Até as 18h45, seis ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram a favor da abertura de uma ação penal contra o presidente do Senado. Os ministros Dias Toffoli,  Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes votaram pela rejeição total da denúncia da Procuradoria-Geral da República.
A investigação contra o presidente do Senado começou em 2007, mas só em 2013 a denúncia foi oferecida pela PGR ao Supremo.
O primeiro ministro a votar foi o relator do processo, Edson Fachin, que foi favorável a tornar Calheiros réu por prática de peculato, mas rejeitou a acusações de uso de documento falso e falsidade ideológica. Os ministros Luiz Fux e Teori Zavascki acompanharam o voto do relator.
Os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Marco Aurélio Mello acolheram a denúncia contra Renan em maior extensão: peculato, uso de documento falso e falsidade ideológica de documentos públicos, excluindo imputação de falsidade ideológica quanto a documentos particulares.
Neste momento, o ministro Celso de Mello profere seu voto. A presidente do STF, Carmem Lúcia, é a próxima a falar.
O que pesa contra Renan
Renan é acusado de receber propina da construtora Mendes Júnior para apresentar emendas que beneficiariam a empreiteira. Em troca, despesas pessoais da jornalista Monica Veloso, com quem mantinha relacionamento extraconjugal e teve uma filha, teriam sido pagas pela empresa, entre elas a pensão a alimentícia da menina.
O peemedebista também é acusado de ter adulterado documentos para justificar os pagamentos. A defesa de Renan nega as acusações.
Na denúncia oferecida ao STF, Renan é acusado pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.
Em rota de colisão com Judiciário
Recentemente o peemedebista tem tomado decisões que confrontam o Judiciário e têm causado polêmicas.
Ontem ele tentou fazer uma manobra no Senado para votar em regime de urgência o texto que desfigurou o pacote de anticorrupção.
O texto, aprovado pela Câmara na madrugada de quarta (30), prevê que juízes e membros do Ministério Público possam responder por crimes de abuso de autoridade, caso atuem segundo motivação político-partidária ou concedam entrevistas sobre processos pendentes de julgamento.
Entidades de magistrados e do Ministério Público se mostraram contra o texto, alegando que ele é uma ameaça à independência do Judiciário e à Lava Jato.
O presidente do Senado discute ainda, nesta quinta, o projeto de lei sobre abuso de autoridade, de sua autoria, com o juiz federal Sérgio Moro. O projeto endurece as punições aplicadas a juízes, promotores e delegados, por exemplo, que vierem a cometer algum tipo de abuso.
Os magistrados e promotores também repudiaram o projeto. Moro chegou a enviar ofício ao Senado argumentando que a medida pode ser interpretada como uma tentativa de barrar a Lava Jato. Vale lembrar que Calheiros também é investigado na operação.
Foto: Divulgação

Nenhum comentário: