Aldair DantasJosé Lacerda Felipe afirma que o governo federal fechou as torneiras e aponta motivos políticos
Os
repasses federais são comumente traduzidos em transferências
constitucionais ou obrigatórias - como o Fundo de Participação dos
Estados (FPE), royalties, repasses da educação, entre outros; ou
voluntárias, como no caso dos convênios. Esse último necessita,
primeiro, de uma boa articulação política por parte dos estados e
municípios e, segundo, do interesse da própria União, a dona do
dinheiro. "Essa é uma questão política. O Governo daqui é do DEM, não é?
", ressaltou o secretário adjunto do Planejamento (Seplan), José
Lacerda Felipe, argumentando a "falta de sorte" do RN.Ao
contrário das transferências obrigatórias, as voluntárias são
materializadas de acordo com critérios específicos do Governo Federal.
Um deles é o estado ou o município enviar projetos bem elaborados,
condizentes com a legislação e que tenham eficácia do ponto de vista
coletivo. Esses projetos na maioria das vezes passam por uma seleção
rigorosa quanto a parâmetros diversos para que, enfim, os recursos sejam
liberados. Em outros casos basta uma boa costura política. E em outros
- e essa é uma fase posterior à aprovação da proposta - o beneficiário
precisa comprovar a contrapartida necessária para a feitura dos projetos
subsidiados pela União. Em regra esse percentual é de 10% do valor
total da ação ou obra.Os representantes do Partido dos
Trabalhadores no Rio Grande do Norte têm justificado as transferências
frustradas ao Governo do Rio Grande do Norte e à capital, Natal. O
deputado Fernando Mineiro (PT) costuma dizer que a ausência de bons
projetos e a inexistência de recursos para arcar com as contrapartidas
têm sido os obstáculos sumários para que as transações entre Governo
Federal, estado e município se consolidem. O Governo não nega, em parte.
De acordo com José Lacerda Felipe "não dá para tapar o sol com a
peneira". "É inegável a dificuldade financeira e orçamentária do Governo
[do Estado] para investir no Rio Grande do Norte.De 2007 a
2012, os repasses da União ao estado oscilaram entre quedas e reajustes.
A maior elevação percentual se deu entre os anos de 2007 a 2008, quando
a curva apresentou crescimento de 22%; de 2008 a 2009, o percentual foi
negativo ou menos 1,5%; de 2009 a 2010 houve aumento de 7,6%; e em 2010
a 2011 se consolidou um aumento de 9,5%. A média de transferências do
Governo Federal para o estado tem sido de R$ 2,5 bilhões/ano.Secretário alerta para queda no FPEO
secretário adjunto da Seplan, José Lacerda Felipe, afirmou ontem que a
frustração nas transferências do Governo Federal ao Rio Grande do Norte
podem ser atribuídas principalmente à queda nos repasses do Fundo de
Participação dos Estado (FPE), royalties, entre outros. Segundo ele, as
reduções somadas pelo FPE contabilizam R$ 423 milhões (2009), R$ 160
milhões (2010), 132 milhões (2011) e R$ 285 milhões (2012). "Uma parte
dessa queda de repasse pode ser atribuída a essa crise que acabou
reduzindo os repasses", disse ele.De acordo com Lacerda, a queda
nos valores dos royalties foram motivadas por uma diminuição na
produção, que diminuiu sensivelmente os repasses da União. "No caso dos
convênios nós temos diversas obras com os Ministérios e aguardamos os
repasses normalmente, mas as vezes não chegam", explicou ele. Segundo
Lacerda Felipe, o valor destinados aos convênios no Rio Grande do Norte
foram de R$ 128 milhões, em 2008; R$ 164 milhões, em 2009; R$ 235
milhões, em 2010; R$ 97 milhões, em 2011; e R$ 89 milhões, em 2012."O
Governo Federal fechou suas torneiras lá. Isso tem relação com a
questão política, o nosso Governo é do DEM, de oposição, então isso tem
que ser levado em consideração", reforçou o secretário adjunto. Ano
passado, o Rio Grande do Norte e seus Poderes havia destinado para
investimentos no primeiro quadrimestre o equivalente a 1% de tudo que
foi gasto no período. A informação constante no relatório resumido da
execução orçamentária (RREO), publicado no Diário Oficial do Estado
(DOE), não foi muito diferente no período relativo até o final do ano.Além
disso, o histórico orçamentário do Rio Grande do Norte no quesito
investimentos não tem sido animador faz tempo. Para se ter uma ideia,
já em 2007, somente 22,9% do previsto para investimentos se consolidou;
em 2008, foram 22,8%; em 2009, 2,41%; e em 2010, 34,8%. O cenário em
2011 foi semelhante e acabou chamando a atenção do Tribunal de Contas do
Estado (TCE), que recomendou ao Estado a adoção de critérios mais
realistas na estimativa dos convênios.O principal vilão, segundo
o Governo tem afirmado, é exatamente a União e suas "insatisfatórias"
transferências voluntárias ao Estado, seja por meio de convênios,
operações de crédito, entre outros. Em contraponto, o deputado Fernando
Mineiro tem garantido que a gestão petista não escolhe "A ou B" na hora
de liberar os repasses em forma de ajuda financeira. "Para que haja
investimento do Governo Federal é preciso ter contrapartida e projetos
consistentes, mas o Governo não consegue viabilizar nenhum deles",
atestou o parlamentar. A reportagem tentou ouvir deputados da base
aliada, mas eles não atenderam as ligações.
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