segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

BETINHO ROSADO TENTA JUSTIFICAR SAÍDA DO DEM,DIZ QUE NÃO FOI AJUDADO FINANCEIRAMENTE PELO DEMOCRATAS


O deputado federal Betinho Rosado continua enfrentando o dilema do processo de infidelidade partidária reclamado pelo DEM, depois que ele deixou a legenda pelo PP. Ele volta a falar desse assunto no “Cafezinho com César Santos”, defendendo suas razões, mas também faz uma análise da atual situação política do Rio Grande do Norte, que, segundo ele, está dividida entre os blocos do DEM, do PMDB e do PSB da ex-governadora Wilma de Faria, que termina o ano sendo protelada pelas forças tradicionais. O jornalista Jotta Paiva, editor de política do JORNAL DE FATO, também participou do cafezinho. Leia:
O senhor deixou o DEM pelo PP e essa questão acabou na Justiça Eleitoral, com o DEM reclamando o mandato. Quais as perspectivas reais para o desfecho desse processo?
 Eu tenho um conjunto de argumentos que vou apresentar novamente porque eu creio na Justiça. Os argumentos são simples. A fidelidade partidária tem duas mãos: uma do parlamentar com o partido e a outra do partido com o parlamentar. A prestação de contas do Democratas da última eleição mostra, de forma absolutamente cristalina, que não houve fidelidade do partido em relação a Betinho Rosado. O deputado candidato, Felipe Maia, recebeu do partido um milhão e duzentos mil reais; Rogério Marinho (PSDB), de outro partido, recebeu duzentos mil reais, deputados estaduais de outros partidos também receberam dinheiro, mostrando que não houve essa reciprocidade, essa fidelidade partidária. Em nome dessa fidelidade partidária é que eu saí do partido, e espero que a Justiça reconheça essa infidelidade partidária do Democratas.
ANTES da saída, antes de sair do DEM, o senhor fez uma consulta aos órgãos eleitorais e sua situação era desfavorável. Mesmo assim, o senhor assumiu o risco?
EXATAMENTE. Não tenha dúvida que tem o risco envolvido no processo, mas a minha expectativa é que esse argumento forte prevaleça no final.
TEM alguma consulta observando que, em um resultado negativo, o senhor se torna inelegível pelo fato de ter parentesco em segundo grau com a governadora?
É, REALMENTE, eu só posso, por conta desse parentesco por afinidade com a governadora, ser candidato se tiver um mandato e ser candidato à reeleição neste mandato. Eu não posso ser candidato a nenhum outro cargo a não ser de deputado federal. E se eu perder o mandato, eu fico inelegível. Mas veja bem: em face aos acontecimentos da campanha passada, era impossível eu disputar o mandato pelo Democratas. Então, se eu ficasse no Democratas, eu não tinha condições mais de ser candidato à reeleição porque não tinha mais os caminhos nem os meios para fazer uma campanha. Portanto, o risco é objetivando a possibilidade de renovação do mandato, coisa que eu não teria junto ao Democratas.
QUE motivos o DEM teria para não priorizar o seu mandato?
ESSA daí quem vai responder é Zé Agripino, que é o presidente estadual e nacional do DEM.
COMO está o seu relacionamento com o senador?
MEU relacionamento com o senador é cordial, como é cordial o meu relacionamento com a maioria das pessoas que já conheci e conheço em minha vida. Mas é fato também que eu não recebi essa ajuda. E isso eu estou dizendo, nem estou inventando. Isso está na prestação de contas do Democratas na Internet, é só ir lá no site dos Tribunais Eleitorais que está lá, o fato que eu não fui ajudado pelo Democratas.
DIZEM que sua relação com o senador José Agripino nunca foi muito boa. E depois dessa saída, pirou?
EU NUNCA tive dificuldade com Agripino não. Eu sempre tive um bom relacionamento, eu respeito muito Agripino, acho ele um político de palavra, uma pessoa que tem feito muita coisa pelo Rio Grande do Norte; tem liderado um bloco político que, inclusive, eu estive durante muito tempo neste bloco político, e eu não descarto, na possibilidade de numa coligação, o PP se coligar com o Democratas. Mas o Democratas lá e eu aqui no PP.
DEPUTADO, a sua ida para o PP, liderando um partido agora no Rio Grande do Norte, vai lhe colocar na mesa de discussão da disputa majoritária, pelo tempo de televisão, pelo tempo da propaganda eleitoral e pela importância que o partido tem em nível nacional. Essa saída, evidentemente, foi bem medida. Ela garante a sua reeleição?
NÃO. Cada campanha é uma campanha. Eu já participei como candidato de cinco campanhas, consegui me reeleger em quatro e numa eu perdi a eleição. O fato de ter saído do Democratas, que as decisões não eram minhas, a possibilidade de escolha de uma coligação, a possibilidade de me sentar à mesa, como você disse agora, é que cria uma perspectiva de eleição, coisa que estava difícil na situação anterior.
QUAL é a avaliação política da governadora Rosalba Ciarlini?
A GOVERNADORA Rosalba Ciarlini tem feito um governo muito trabalhador e lutado muito em seu governo. Agora, a governadora teve um problema muito sério com a mídia e, principalmente, o ataque que ela sofreu da Rede Globo. Foi uma coisa assim sem precedente na história do Rio Grande do Norte. Nós chegamos ao ponto de a governadora estar dando uma entrevista sobre as suas ações de governo e aí a Rede Globo cortar as imagens, deixar o som, e mostrar a imagem de um hospital absolutamente desorganizado, mostrando que a governadora estava mentindo. Foi isso que a Rede Globo fez com Rosalba. Acontece que as imagens não eram de um hospital do Estado, mas da rede pública do município de Natal. Então, a Rede Globo usa falsa imagem para prejudicar o governo de Rosalba. Temos entrevista gravada, em que os repórteres da Globo aqui do Estado induzem as pessoas a falar mal de Rosalba e, recentemente, em um caso até lamentável, uma senhora foi em um pronto-socorro de Natal, teve uma parada cardíaca, foi atendida por uma médica – você vê as imagens – e alguém questionou que o SAMU poderia ter ajudado, só transportando a doente. As condições que têm na ambulância do Samu, que é um serviço municipal, já estavam presentes naquele centro de saúde, mesmo assim, como a imagem era complicada, os familiares chorando, a jornalista da Rede Globo ainda resolveu botar o Governo do Estado como responsável por aquela ação. Então, coisas assim como essas, efetivamente, como a população não percebe esse fato, isso faz que a imagem do governo decresça muito. E Rosalba paga hoje esse ataque violento da Rede Globo e da Tribuna do Norte à administração dela. Mas ela vai ter oportunidade na campanha, nos sites, na propaganda eleitoral gratuita, nas praças e na rua, de mostrar o seu governo operoso, no sentido de muitas ações para o Estado do Rio Grande do Norte, e mostrar que o governo de Rosalba está fazendo o governo crescer.
COMO o senhor avalia a saída do PMDB e agora do PR da base do governo?
TAMBÉM do PV, que também saiu, né? Essas saídas são naturais. Assim, na época da campanha os exércitos vão se arrumando, e é bem verdade que o PT e o PMDB formam, juntos, um cacife muito grande e uma expectativa de vitória. Agora, eu acho que essa vitória, esse cantar da vitória antes da hora é uma coisa muito perigosa. Porque, quando Agripino foi candidato contra Garibaldi, ele tinha 70% das intenções de voto e Garibaldi 30%. Quando abriram os votos, Garibaldi ganhou no primeiro turno. Aqui nessa última eleição, com dona Wilma, ela tinha 30% das intenções de voto e Garibaldi, que nós apoiamos, tinha 70%. Quando chegou-se ao resultado final das eleições, Wilma foi reconduzida ao governo. Portanto, as ações do governo, quando convenientemente divulgadas, vão mostrar à população do Rio Grande do Norte a seriedade do governo Rosalba e Rosalba vai ser reconhecida por esse esforço e vão dar um novo mandato a Rosalba. Aí, com a água bem dividida, com o divisor de águas, Rosalba vai governar com a equipe dela e, naturalmente, vai deixar no Governo do Estado a mesma marca que deixou na Prefeitura de Mossoró. Mossoró mudou de patamar quando Rosalba passou aqui na Prefeitura, e o Governo do Estado vai mudar de patamar nesta segunda administração de Rosalba.
NA SEMANA passada, Garibaldi voltou a reafirmar que não é candidato, deixando no PMDB o mesmo clima de incerteza. Como o senhor vê essa situação e essa dificuldade de o PMDB definir um nome para concorrer ao Governo com Rosalba?
O QUE está traçado hoje nesse cenário político do Rio Grande do Norte é que o PMDB já se juntou com o PT, que vai indicar Fátima (Bezerra) a senadora; se juntou com o PR, que vai indicar João Maia para vice: o empresário Marcelo Alecrim (PR) vai ser o substituto de João Maia na candidatura a deputado federal, e o que está faltando nesse processo todo é a definição entre Garibaldi e Henrique. Henrique quer, mas os números das pesquisas ainda não consolidam, não garantem a ele um bom desempenho na campanha; diferentemente de Garibaldi, que tem uma posição muito consolidada e é um adversário de peso contra a governadora, se for ele o candidato.
NESSE cenário, onde ficam a ex-governadora Wilma de Faria e o vice-governador Robinson Faria?
É. É uma coisa complexa, né? Está mostrando, o momento político, que nós temos três blocos no momento no Rio Grande do Norte: nós temos o bloco do PMDB, que neste momento está junto com o PT, está capaz de aglutinar as maiores forças do Estado em torno dele. Nós temos a governadora – que está muito parecida com a campanha passada, né? Neste momento da campanha, quando faltava um ano para a campanha, Rosalba estava sozinha e o Democratas estava tentando fazer um entendimento com o governo de Wilma para João Maia ser o candidato. Depois houve um recuo do Democratas que apoiou Rosalba. Neste momento, nós estamos vendo notícias da imprensa em que o senador José Agripino está dizendo que a prioridade é a chapa proporcional do partido e que depois vai ver essa questão da majoritária. Então, na minha ideia, o senador José Agripino vai, efetivamente, apoiar a reeleição de Rosalba e Rosalba vai formar um bloco político com Agripino e outras forças menores da política do Rio Grande do Norte e, talvez, nem menos representativas do que essas que aparecem hoje. Aí, fica a questão do bloco da ex-governadora Wilma de Faria. Nesse quadro tem Robinson dizendo que é candidato, embora o melhor nome seja o da ex-governadora. Eu não sei como eles vão se definir, mas o fato é que eles têm dificuldade de se compor com o Democratas, e o bloco formado em torno do PMDB já excluiu os dois desse processo.TAGS:BETINHO

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