terça-feira, 27 de maio de 2014

PARTIDO DA GOVERNADORA DIVIDE PRÉVIA EM ELEIÇÕES ESTADUAIS


José Agripino enfrenta Carlos e Rosalba em partido para fazer aliança com PMDB de Henrique Alves

O senador José Agripino (DEM) empreende cruzada para assegurar aliança do seu partido com o PMDB, na campanha eleitoral deste ano. Mas enfrenta contraposição de outra corrente, que defende candidatura própria, a princípio, da própria governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Henrique (centro), divide Carlos (à esquerda) e Agripino (à direita) em momento delicado (Foto: divulgação)
Agripino tem conversado pessoalmente e por telefone com integrantes-votantes do partido. No próximo dia 2, os convencionais vão decidir se o DEM formaliza composição com o PMDB e candidatura a governo do presidente da Câmara Federal, Henrique Alves (PMDB), ou segue em faixa própria.
Apesar da lealdade e afinidade de décadas com Agripino, o líder governista na Assembleia Legislativa, Getúlio Rêgo (DEM), tem sido o principal nome da infantaria em defesa da candidatura à reeleição. Cumpre missão confiada pelo secretário-chefe do Gabinete Civil do Estado e marido da governadora Rosalba, o ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM).
Em contrapartida, a Governadoria tem-lhe sido generosa no atendimento a pleitos diferenciados.
Getúlio: trabalho para Carlos/Rosalba (Foto: AL)
À semana passada, o próprio Getúlio acompanhou o casal Carlos-Rosalba em reunião no apartamento de Agripino em Natal, quando se reforçou argumento em defesa do projeto de reeleição de Rosalba. O senador manteve–se recalcitrante.
Para José Agripino, Rosalba está inviabilizada eleitoralmente, com maciça rejeição em todo o estado, além de impedida legalmente, haja vista que continua inelegível. Mesmo com decisão favorável de um processo, recentemente, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), segue com esse impedimento em instância judicial maior – o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na visão de Agripino, manter uma postulação dessa natureza é repetir o erro cometido em recente eleição suplementar de Mossoró.
No pleito de Mossoró, a prefeita cassada e afastada Cláudia Regina (DEM) não abriu mão de ser outra vez concorrente, mesmo Agripino ponderando que seria uma insanidade. “É uma loucura”, exclamou.
Cláudia sequer teve o nome e chapa registrados pela Justiça Eleitoral. Pela primeira vez em 26 anos, o grupo de Agripino, Carlos e Rosalba não teve um candidato em chapa à Prefeitura mossoroense.
Agripino estava certo e, como adiantara para ela, sequer apareceu em Mossoró para as primeiras escaramuças da candidatura natimorta da aliada e amiga.
Resistência
Em relação à Rosalba, nitidamente existe um partido dividido: a bifurcação aponta para uma decisão já costurada pelo próprio Agripino, de aliança com o PMDB. A outra, é de pura resistência do casal Carlos-Rosalba, que mesmo diante de tantas adversidades, quer ir para nova campanha.
Na campanha municipal de 2012, governadora do estado, Rosalba só esteve em cerca de quatro municípios como força de apoio. Dos 167 municípios potiguares, na enorme maioria a sua presença foi considerada inapropriada por candidatos ligados à base governista.
Para uma nova campanha, hoje a governadora teria um DEM dividido, o apoio do PP, controlado por seu cunhado e deputado federal Betinho Rosado, além de alguma legenda de pouca expressão.
Sua chegada ao poder em janeiro de 2011 foi endossada por forte apoio interpartidário e cresceu nos primeiros meses de gestão. Mas em momento algum deu sinal de vitalidade. Acumulou desgaste com os mais diversos setores da atividade pública e da sociedade, alcançado níveis superlativos de reprovação.
Desdobramentos
O agravante, é que gradualmente foi perdendo apoios e ganhou a antipatia da opinião pública. Centralizador e com dificuldade de dialogar com a sociedade civil organizada, outros poderes e dar resposta às demandas sociais, acabou ensimesmado.
Rosalba e Cláudia: semelhanças (Foto: Arquivo da PMM)
A aposta de Carlos e Rosalba, é que com a “máquina” do Estado possa reverter tudo, transformando água em vinho, multiplicando os pães e obtendo a ressurreição de imagem. Enfim, uma sequência de milagres políticos.
No encontro do DEM, no próximo dia 2, valerá a força de liderança e de catequese dos convencionais, independentemente de aspectos eleitorais e legais. Agripino com seus argumentos; Carlos e Rosalba com o “convencimento” da caneta.
O resultado do que será decidido não encerrará esse litígio entre as lideranças. A parte vencida, dificilmente sairá dócil e conformada. A vencedora, também engolirá algum ônus.
Os desdobramentos devem produzir novos efeitos políticos na campanha deste ano e adiante. O DEM não será o mesmo.

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