A
presidente Dilma Rousseff está ampliando o grupo de interlocutores que
possam ajudá-la na operação política contra o impeachment. Ontem
(10.dez.2015), recebeu em jantar no Palácio da Alvorada Ciro Gomes,
ex-ministro e duas vezes candidato ao Planalto.
Também participaram do encontro o ministro Ricardo Berzoini
(Secretaria de Governo) e o governador do Rio de janeiro, Luiz Fernando
Pezão (PMDB).
No jantar, Ciro Gomes argumentou que é necessário endurecer com o
PMDB, partido que segundo ele estaria na linha de frente da conspiração
pela derrubada de Dilma Rousseff. “Michel Temer [vice-presidente da
República] está conspirando faz tempo”, afirmou.
No entender de Ciro, está em curso “um golpe salafrário-mafioso” e é
necessário “lancetar esse tumor”. Para o ex-ministro, “Michel Temer está
articulando com um poder menor do que tem a presidente da República”.
Seria necessário, portanto, que o governo usasse todo o seu poder de
fogo para combater o processo de impeachment.
A fórmula, recomenda Ciro, seria muito “trabalho profissional e
pragmático”. De um lado, combater e denunciar o que chama de golpismo.
De outro, sinalizar com mudanças na economia que possam dar algum alento
à população.
Sobre o Palácio do Planalto e o PT terem rompido definitivamente com o
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Ciro acha
que foi uma atitude correta, porém “tardia”. Mas ele acredita que “a
população entenderá se a presidente explicar o que se que passa”.
Foi o governador Pezão o responsável por fazer o contato com o
Planalto e recomendar a Dilma que recebesse Ciro Gomes –o ex-ministro
tem sido um histórico adversário da ala majoritária nacional do PMDB,
representada pelo vice-presidente Michel Temer.
Na atual conjuntura, Pezão e a ala majoritária do PMDB do Estado do
Rio se transformaram no principal polo de sustentação política de Dilma
Rousseff dentro dessa sigla. Pezão está em campo oposto ao de Michel
Temer no mundo peemedebista.
No jantar, Dilma disse a Ciro, em tom amistoso: “Gostei de sua
entrevista. Até da parte que você fala mal de mim”. Ela se referia a uma
das várias entrevistas recentes do ex-ministro, pregando contra o
impeachment.
O ex-ministro faz uma análise sobre a troca de comando na Casa Civil,
com a saída de Aloizio Mercadante e a entrada de Jaques Wagner: “De
alguma forma, piorou. Não porque Wagner seja pior ou melhor do que
Mercadante. Mas porque saiu do Palácio alguém que defendia o governo de
maneira muito fiel à presidente”. Ciro acredita que não foi bom a
presidente da República passar a impressão de que cedeu à pressões para
mudar a equipe.
E qual será o papel de Ciro Gomes daqui para frente? “Conversei com
ela [Dilma]. Dei minha opinião franca. Estou voluntariado para qualquer
trabalho”.
A reação do PMDB
“Espero e acredito que não seja verdade que Ciro Gomes esteja na
coordenação política. Não serei coordenado por ele”, diz o líder do PMDB
no Senado, Eunício Oliveira, até o momento um dos mais fiéis defensores
de Dilma Rousseff.bLOG : o PRIMO
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