O PMDB está me pé de guerra. A bancada da Câmara se
engalfinha com o bloco do Senado. O deputado Carlos Marun, general da
tropa de Eduardo Cunha, disparou primeiro. Defendeu o afastamento de
envolvidos na Lava Jato dos postos de direção partidária. Quer
destituir, por exemplo, o senador Romero Jucá da presidência do PMDB. Em
reação, Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, afirma que Marun é o
preposto de Cunha num plano para ocupar o governo e controlar o PMDB.
Vamos nos situar: de um lado, um deputado que até ontem pegava em
lanças para evitar a cassação do mandato de Eduardo Cunha. Do outro
lado, o réu e multi-investigado Renan Calheiros. Os dois revelam-se
preocupados com a moral e a ética. Você pode achar que é só uma piada.
Mas o mais prudente é segurar a carteira. Quando o PMDB resolve brigar, o
contribuinte sempre sai machucado.
A confusão atual ocorre num instante em que o governo precisa de
estabilidade no Legislativo para aprovar a reforma da Previdência. E a
instabilidade tende a aumentar assim que a Procuradoria-Geral da
República liberar a nova enxurrada de inquéritos abertos a partir das
delações da Odebrechet. Os peemedebistas trocam socos à beira do abismo.
Há duas coisas por trás da falsa preocupação de Marun e Renan com a
moralidade pública. A primeira é uma briga por cargos no governo. A
segunda razão, mais importante, é uma disputa pelo controle do cofre do
PMDB, onde estão guardadas as verbas do fundo partidário. Dinheiro
público. Hoje quem tem a chave desse cofre é o PMDB do Senado. O
tesoureiro é o senador Eunício Oliveira. E os deputados querem definir
desde logo quanto cada um poderá gastar nas eleições do ano que vem. Se
for pouco dinheiro, planejam aumentar o valor do fundo partidário para
2018 no Orçamento da União.
Ou seja: nessa briga, o PMDB do Senado e o PMDB da Câmara entram com
os punhos. E você, caro contribuinte, entra com a cara. Ou com o bolso.
JOSIAS DE SOUZA
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