“Como
integrante do PMDB estarei aqui para defender a decisão do partido (de
desligar-se do governo), mas o farei sem apelar para a radicalização e o
maniqueísmo”. Da tribuna do Plenário, o senador Garibaldi Filho pediu
respeito à opinião pública e defendeu que os debates sejam travados com
moderação e respeito. “Nesse momento crucial para a vida política
brasileira, devemos exercer um diálogo que permita que não sejamos
depois levados a uma execração pública”, recomendou.
Na avaliação do senador Garibaldi Filho,
os partidos políticos devem ter suas histórias respeitadas. Ele citou o
seu partido, o PMDB, que completou 50 anos na semana passada. “Se não
dermos o respeito a isso, se desqualificarmos o debate dizendo (por
exemplo) que o PMDB é o anjo e o PT é o demônio, onde é que iremos
chegar?”, indagou. Ele acrescentou que o seu partido não pode ser
cobrado “de forma injusta ou mesquinha” por ter resolvido deixar de
apoiar o governo.
“Não pretendo ingressar nesse jogo, nem
pretendo me intimidar. Os que hoje dizem que o PMDB é isso ou aquilo,
destratando a imagem do meu partido, ontem diziam o contrário. Com
relação ao presidente Michel Temer, que é tão acusado hoje, antes era
considerado um vice-presidente da mais absoluta confiança e apreço,
merecendo a admiração do atual governo”, lembrou Garibaldi Filho.
Em aparte, a senadora Ana Amélia (PP-RS)
avaliou que o enfrentamento tem levado ao acirramento, à divisão da
sociedade e ao desrespeito com quem pensa de forma contrária. Ela
denunciou que na rodoviária de Brasília foram distribuídos panfletos
contendo inverdades como o fim do pagamento do 13º salário, FGTS e abono
de férias caso o impeachment seja aprovado. “São cláusulas pétreas e
imutáveis, como são capazes de levar essa mentira à população do país?”,
indagou.
“Eu queria dizer que eu assino embaixo
das declarações de vossa excelência, mesmo não sendo da bancada do seu
Partido. Mas não é esta a forma que nós aprendemos, e vossa excelência é
meu mestre nisso, pela sua experiência na política do nosso País”,
destacou também a senadora Ana Amélia.
Aparte – Antes
do seu pronunciamento, o senador Garibaldi Filho havia aparteado a
senadora Fátima Bezerra para defender a tese de que debates radicais ou
maniqueístas não contribuirão para melhorar o atual momento político
brasileiro. “Nós, brasileiros, não podemos aceitar os que defendem um
ponto de vista se considerarem defensores do bem, enquanto os que têm
outro ponto de vista são taxados de defensores do mal”, afirmou o
senador.
Garibaldi Filho fez referência ao trecho
do discurso de Fátima Bezerra no qual ela colocou de um lado “os
lutadores e lutadoras do povo, os lutadores e lutadoras da democracia” e
do outro “os traidores e traidoras do povo e da democracia”. Para o
senador, os que discordam da posição defendida pelo governo não podem
ser taxados de impatriotas. “Isso não serve ao país. Não posso aceitar
esse dualismo, esse radicalismo, essa coisa de se dizer que os bons
estão ali e os maus acolá”, opinou Garibaldi.