Ao
negociar cargos no balcão com o PP, PR, PSD e partidos nanicos, o
Governo foi para a ofensiva na tentativa desesperadora de mudar o placar
do julgamento do impeachment. Traduzindo: passou a negociar diretamente
com os juízes do tribunal que analisará o seu impedimento: os
deputados. Diante disso, os partidos e os parlamentares decidiram
valorizar o voto. E devem negociar até a reta final do julgamento do
impeachment. Nunca – nesses anos de governo Dilma – o toma-lá-dá-cá foi
tão intenso como agora.
A ILUSÃO DA POLÍTICA É MAIOR DO QUE O AMOR
Em política, projetos pessoais não podem ser
priorizados em detrimento de uma causa ou partido. Quem usar do
expediente da arrogância e falta de diálogo, pode assistir à derrocada
dos seus planos. Já dizia o ex-governador, Agamenon Magalhães, “a ilusão
da política é pior do que a do amor”.
CONTRA IMPEACHMENT, LULA AVANÇA SOBRE " BAIXO CLERO"
Na
luta para evitar o impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula
deflagrou uma ofensiva que traça como alvo parlamentares que compõem o
chamado “baixo clero” ou que têm base eleitoral nos grotões do país,
sobretudo em partes das regiões Norte e Nordeste. A investida é sobre
deputados menos suscetíveis às pressões das grandes cidades, onde ecoa o
movimento pelo impeachment. Na avaliação do governo, a bancada
evangélica também não é tão sensível aos apelos da rua.
No sábado (2), Lula se reuniu em Fortaleza com dez deputados do Ceará
filiados a siglas como Pros, PDT e PTN. O ex-presidente também almoçou
com governadores do Nordeste. Na semana passada, Lula reuniu
parlamentares de Estados como Alagoas, Pernambuco e Pará. Nas conversas,
ele promete assumir as rédeas do governo assim que tomar posse na Casa
Civil, o que acredita acontecer na próxima quinta (7).
Ele também delegou tarefas. Sob coordenação do líder do governo na
Câmara, José Guimarães (PT-CE), foi escalado time de deputados de todos
os partidos para lutar pelo arquivamento do impeachment. Segundo relato
de integrantes do “baixo clero” à Folha de São Paulo, petistas têm
procurado deputados de menor visibilidade para pedir sugestões para
cargos do segundo e terceiro escalões dos seus Estados.
DILMA VAI APELAR ATÉ PARA AS BARATAS
RELATOR DEVE RECOMENDAR APROVAÇÃO DO IMPEACHMENT EM COMISSÃO ATÉ QUINTA- FEIRA
Enquanto Dilma Rousseff repete o mantra segundo o qual “não vai ter
golpe”, o processo de impeachment avança. Relator da comissão que trata
do tema na Câmara, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) pretende
apresentar seu parecer até quinta-feira. O Planalto suspeita que Jovair,
um soldado da infantaria de Eduardo Cunha, redige o documento com a
caligrafia do presidente da Câmara. Dá-se de barato que o deputado
votará a favor do impedimento.
Nesta segunda-feira, vence o prazo para que Dilma apresente, por
escrito, sua defesa junto à comissão do impeachment. A peça converterá o
processo num “golpe” sui generis, condicionado ao amplo direito de
defesa. O “atentado à democracia” ficará ainda mais inusitado no final
da tarde, quando o ministro petista José Eduardo Cardozo, advogado-geral
da União, comparecerá à comissão para fazer a defesa oral da
presidente. Remunerado pelo contribuinte, repetirá que “não há base
legal” para o impedimento.
Josias de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário