O
presidente interino Michel Temer está demitindo mais de cem
funcionários por dia útil, segundo Mônica Bergamo, na sua coluna da
Folha de S,Paulo desta quarta-feira. Foram exonerados entre a
sexta-feira (13) e terça (17), nada menos do que 324 servidores, diz a
colunista, com outros detlhes:
O dia da maior sangria foi a sexta: 170 pessoas foram exoneradas, boa
parte delas de cargos considerados importantes, como os de assessor
especial, diretor de departamento, secretário, secretário-executivo e
chefe de gabinete. Na segunda-feira (16) foram demitidos 84
funcionários. E, nesta terça (17), 70.
A exoneração mais polêmica até agora foi a do jornalista Ricardo
Melo, diretor-presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que
controla a TV estatal. Ele tinha mandato de quatro anos no cargo e acionou a Justiça para contestar a medida de Temer.
SENADOR É GRAVADO E SE COMPLICA
Segundo a Coluna Esplanada, um importante senador foi gravado por um
interlocutor em conversas comprometedoras nos moldes do episódio que
derrubou o então senador Delcídio do Amaral.
O áudio foi incluído por um delator através de um advogado nos autos
da operação Lava Jato, e a Procuradoria-Geral da República pode soltar
operação a qualquer momento. Não há certeza se haverá mandado de prisão
ou só condução coercitiva.
O camburão da Polícia Federal está com a chave na ignição, e os
grandes escritórios de advocacia criminal já estão preparados para a
bomba.
SAÚDE DE LULA EM "ALERTA"
Deu no Cláudio Humberto:
Parecem sérias as dificuldades de Lula com saúde. É assunto proibido
entre petistas, mas seu desinteresse até em discutir a sobrevivência do
PT acionou o “alerta vermelho”. Terminou ontem em Brasília, sem ele, a
reunião da cúpula para definir o futuro e o discurso do PT até Dilma ser
julgada. Dirigentes do PT não confirmam a retomada do câncer, agora com
dor, mas afirmam que Lula enfrenta “profunda depressão”.
SEM CARRO OFICIAL , DILMA E CARDOZO VÃO DE BICICLETA
José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e da AGU
(Advocacia-Geral da União), foi integrado à equipe de Dilma Rousseff,
mas perdeu direito a residência e a carro oficial. Está se locomovendo
pela capital de bicicleta. Detalhe: Dilma emprestou a
própria bicicleta para que o ministro possa pedalar do flat em que está
hospedado para o Palácio da Alvorada, onde ela despacha. A informação é
de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo de hoje.
Já Natuza Nery informa na Folha que a caça às bruxas no terceiro
andar do Palácio do Planalto não poupou ninguém nem mesmo o garçom que
servia à Presidência havia quase oito anos. “José Catalão, tido como um
dos funcionários mais queridos entre palacianos, foi demitido pela
equipe de Temer sob a “acusação” de ser petista, relatou um servidor.
Catalão não tem vínculo partidário e se orgulhava de ter servido Temer
em várias ocasiões.”
MAIS AÇÃO E MENOS TRAPALHADAS. É O QUE SE ESPERA DO GOVERNO TEMER
Ou
há um cérebro superior a reger com propósito maquiavélico o coro
dissonante de ministros do mal instalado governo do presidente em
exercício Michel Temer, ou falta um cérebro superior capaz de pôr um fim
rápido à sucessão de trapalhadas, dignas de noviços, produzidas por
eles em tão curto espaço de tempo.
Por mais antigas (e aqui o antigo, a levar-se em conta o ritmo
frenético dos fatos, pode datar de um ou dois meses apenas), desprezemos
as trapalhadas do próprio Temer. Do tipo: conspirar com volúpia para
derrubar Dilma e anunciar a pretensão frustrada de montar um ministério
de notáveis.
Examinemos, apenas, as mais recentes. Ainda na semana passada, depois
de desprezada a ideia de uma redução expressiva no número de
ministérios, Temer (ainda ele),voltou a flertar com ela. E ao fazê-lo,
às pressas, concordou com a proposta de seus principais assessores de
extinguir o Ministério da Cultura. Deu no que se vê.
Diante do estrago, ainda longe do fim (se é que haverá um fim), Temer
garantiu que o ministério daria lugar a uma Secretaria Especial ligada
diretamente à presidência da República. Esqueceu – ou ignorava – que
isso implicaria em mais gastos com o reajuste obrigatório de salários
dos eventuais servidores da nova Secretaria.
Acabou obrigado a dar o dito pelo não dito e a transferir a
Secretaria para o âmbito do Ministério da Educação. Não pensou – e
ninguém pensou por ele – que a Cultura é mais importante do que um
ministério ou secretaria. O que de fato importa é a política cultural do
governo e os meios destinados à sua execução.
Não há sinal até agora de política cultural – e não é por falta de um
ministério ou de uma secretaria que não há. Nem de meios para
sustenta-la. Não há, sequer, uma palavra dita a esse respeito que possa
acalmar os rebelados ou atiça-los de vez. Na verdade, a Cultura foi
esquecida. E, agora, o governo corre atrás do estrago.
O governo da dama-de-ferro Margaret Thatcher (1979 a 1990),
primeira-ministra da Inglaterra, não teve uma só mulher em posição de
destaque, fora ela. Mas isso não pode servir de desculpa para justificar
outro esquecimento de Temer: o de não convidar uma só mulher para ser
ministra. A Inglaterra não é o Brasil, por suposto.
Aqui, as mulheres estão muito longe de conquistar o espaço que lhes
devido. Aqui, ainda temos uma mulher na presidência da República, embora
afastada do exercício do cargo para ser julgada pelo Senado. E aqui
tínhamos mulheres como ministras de Estado. Mesmo conservador, um
governo não pode ignorar a realidade.
Da última sexta-feira para cá, o governo está à caça de mulheres que
possam ser encaixadas em cargos ainda em aberto e disfarçar com isso sua
natureza essencialmente masculina. E à caça de uma para ocupar a
Secretaria da Cultura, comporta-se como um amador. Convida quem
recusaria o convite na certa. E se desgasta.
Acumula desgastes também devido à sofreguidão com que vários dos seus
ministros vêm a público declarar sandices ou admitir intenções que
precisariam ser mais bem amadurecidas. Muitas delas, por sinal, na
contramão do que Temer pensa, do que as leis permitem e do que o bom
senso aconselha.
Temer já foi obrigado a desautorizar o ministro da Justiça Alexandre
de Moraes (PSDB-SP) por ter dito que o próximo Procurador-Geral da União
poderia ser escolhido fora da lista tríplice a ser apresentada pela
categoria dos procuradores. Temer mandou que ele dissesse o contrário.
Um vexame!
Com menos de 100 horas no Ministério da Saúde, o deputado Ricardo
Barros (PP-PR) pisou feio na bola pelo menos duas vezes. A primeira ao
conceder uma entrevista afirmando que o tamanho do Sistema Único de
Saúde (SUS) deveria ser reduzido no futuro dado à falta de dinheiro. A
segunda ao falar sobre a legalização do aborto.
O SUS, tal como é, está assegurado pela Constituição. No discurso de
posse dos novos ministros, Temer sacou de um exemplar da Constituição e
jurou que nada se fará contra ela, e que direitos adquiridos são
intocáveis. A legalização do aborto não está nos planos de Temer. Ele
não quer mais encrencas do que já tem.
A depender, porém, do ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do
Turismo, ele terá. O ministro defende a legalização de “todos os tipos
de jogos de azar”. Estima que renderá ao Tesouro Nacional a quantia de
R$ 20 bilhões anuais em impostos. Trombou logo de saída com o Ministério
Público Federal, que é contra.
O governo Dilma reconheceu que há cerca de 10% de famílias atendidas
pelo Bolsa Família e que não se enquadram mais nas exigências do
programa. O que ganhou o governo Temer ao informar pela boca de Osmar
Terra (PMDB-RS), ministro do Desenvolvimento Agrário, que fará um
pente-fino no Bolsa-Família?
A informação dada por Terra passou a ser explorada por Dilma e o PT
como prova da falta de compromisso de Temer com os programas sociais. O
governo Temer conspira contra seus próprios interesses e abre mais
frentes de luta do que de fato deseja. Ou do que seria de fato capaz de
enfrentar.
Até que Dilma seja ou não deposta pelo Congresso, a atual
administração Temer não passará de uma administração provisória. Dela, o
que o país exige de pronto é que comece a pôr em ordem as contas
públicas e adote medidas possíveis de começar a reverter a trajetória
ascendente do desemprego. E é só. E é muito.
O resto pode esperar a confirmação de que Temer ficará na presidência
da República até 31 de dezembro de 2018. No dia seguinte, a faixa
presidencial será transferida ao seu sucessor, eleito pelo voto direto. E
Temer, para o bem ou para o mal, passará à História.
Por Ricardo Noblat
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