Foi confirmado o retorno do ex-deputado Henrique Alves ao Ministério do Turismo.
Henrique foi o primeiro a pedir exoneração do Ministério no momento que o PMDB decidiu romper com o governo Dilma Rousseff.
Com o retorno de Henrique, sua mulher, Laurita Arruda substituirá a ex-miss bumbum Milena Santos.
Milena Santos ganhou simpatia da mídia por ser fotografada pelada na Esplanada dos Ministérios em Brasília.
Comentários
Do UOL, em São PauloApós
decisão do Senado, a presidente Dilma Rousseff (PT) será julgada pela
acusação de ter cometido crime de responsabilidade e, por isso, foi
afastada. O vice-presidente, Michel Temer (PMDB), assume de forma
interina por até 180 dias, sendo efetivado se Dilma for condenada ao fim
do processo.
O UOL questionou os professores de direito
constitucional Vladimir Pinto Coelho Feijó (Ibmec-MG) e Rubens Glezer
(FGV-SP) sobre as atribuições de Temer como presidente em exercício
durante o afastamento temporário de Dilma, e também sobre quais medidas
ele pode tomar com e sem o apoio do Congresso Nacional. Veja as
respostas:
O que Temer pode fazer como presidente interino?
Em tese, Temer tem amplos poderes como presidente, definindo a
condução da política econômica, editando decretos e medidas provisórias,
sancionando ou vetando projetos de lei do Congresso e executando todas
funções como chefe de Governo e de Estado. “A regra é essa: substitui
com plenos poderes”, diz Rubens Glezer. Vladimir Feijó concorda com esse
ponto de vista, mas faz uma ressalva.
“Li artigos de colegas de direito constitucional que julgam que o
presidente em exercício só pode cumprir atividades regulares, sem se
intrometer em decisões governamentais, de políticas públicas duradouras.
Ele não poderia desfazer medidas tomadas no passado. Do meu ponto de
vista, ele pode, mas esse é um debate a ser travado”, diz Feijó.
Em que momento Temer assume oficialmente a Presidência? Há alguma solenidade de posse?
A partir do momento em que Dilma for notificada,
ela já é oficialmente afastada do cargo. Ao mesmo tempo, o Senado
informa Temer, por escrito, que ele passa a ser presidente em exercício,
assumindo o gabinete presidencial no Palácio do Planalto e passando a
ter o controle de secretarias, ministérios e das Forças Armadas. Não há
previsão de posse ou transmissão oficial de cargo.
O que Temer pode fazer imediatamente após assumir a Presidência?
Em suas primeiras atitudes como presidente, Temer pode, por exemplo,
exonerar os ministros de Dilma e nomear seus indicados. Grandes
reformas, como a política, a trabalhista e a da Previdência, dependem de
votação no Congresso Nacional, mesmo que apresentadas pelo presidente
da República. Uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) desse âmbito,
por exemplo, ocorre em dois turnos na Câmara e no Senado e demora cerca
de três meses para ser aprovada.
Segundo Vladimir Feijó, Temer pode, de imediato, cortar gastos, além
de utilizar o Ministério da Fazenda e o Banco Central para alterar a
condução da economia. “Pelo Banco Central, é possível mexer na taxa de
juros, enquanto na Fazenda há uma margem para alterar alíquotas por meio
de decreto. Ele pode baixar uma alíquota, por exemplo, para estimular a
exportação de um produto de segmentos que são subexplorados, ou
aumentar um imposto para diminuir a importação de outro produto. Só é
preciso fazer isso tudo com critério, porque mexe nas relações
internacionais”, diz Feijó.
De acordo com um documento elaborado pelo PMDB, Temer planeja promover privatizações, reforçar as exportações e relançar programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico), além de executar um ajuste fiscal.
Aliados do vice também querem desvincular benefícios dos reajustes concedidos ao salário mínimo e acabar com as vinculações constitucionais,
como gastos obrigatórios com saúde e educação. O grupo em torno de
Temer busca garantir apoio no Congresso para aprovar essas medidas.
Temer pode reduzir o número de ministérios ou mesclar pastas?
O presidente tem essa prerrogativa, por meio de medida provisória,
mas a decisão final ainda é do Congresso Nacional. Na última reforma
ministerial de Dilma, quando ela extinguiu oito pastas, o Senado só referendou a decisão em março deste ano –cerca de seis meses depois de a presidente ter decretado a MP.
“Com boa vontade do Congresso, Temer poderia aprovar essa MP em cerca
de um mês. Até lá, o que ele pode fazer é deixar de nomear um ministro
para uma pasta que será futuramente extinta, gerando uma economia de R$
17 mil por mês, referente ao salário do titular”, diz Vladimir Feijó.
Segundo aliados do vice-presidente, ele pretende reduzir o número de ministérios em pelo menos oito pastas.
O vice-presidente em exercício pode mexer no Bolsa Família e em outros programas sociais?
Temer pode fazer ampliações ou reduções nos programas, mas qualquer
mudança significativa também precisaria de aprovação na Câmara e no
Senado, para serem implementadas no Orçamento do governo para 2017.
Ele ainda tem a prerrogativa de poder alterar, por exemplo, o último decreto de Dilma Rousseff, que no
dia 1º de maio anunciou o reajuste de 9% no valor dos benefícios do
Bolsa Família e corrigiu a tabela do Imposto de Renda em 5%.
“Mas ele teria que lidar com um eventual desapreço da opinião pública
e da população se fizer isso”, diz Vladimir Feijó. A equipe do vice,
entretanto, sinalizou que ele manterá o chamado “pacote de bondades”.
Temer pode influenciar de alguma forma na operação Lava Jato?
Entre as instituições envolvidas na Lava Jato, o presidente da
República não tem ingerência sobre o trabalho da Justiça Federal ou do
Ministério Público, mas comanda a Polícia Federal, por meio do
Ministério da Justiça.
“O ministro da Justiça tem comando sobre a PF e pode, por exemplo,
realocar funcionários e mexer na equipe da força-tarefa. Hoje, os
delegados têm ajudado juízes e promotores a lerem as provas e indicado
quais caminhos a investigação pode tomar. Mas a sociedade tem medo de
uma ‘operação-abafa'”, comenta Vladimir Feijó.
Para Rubens Glezer, qualquer interferência no trabalho da PF
dependeria do apoio e da governabilidade que Temer obtiver. Além disso,
segundo o professor, o vice só poderia influenciar a PF na promoção (ou
não) de concursos públicos para ampliar o quadro da instituição, apesar
de ela estar subordinada ao governo. “Qualquer outra ingerência fugiria à
competência dele”, opina.
A preocupação com uma uma possível acusação de interferência do Executivo na Lava Jato fez com que Temer desistisse do nome de seu amigo pessoal Antônio Claudio Mariz de Oliveira para a pasta da Justiça –recentemente, o advogado fez críticas à operação e ao uso da delação premiada.
Temer pode convocar novas eleições?
De acordo com especialistas, não há prerrogativa jurídica para que o presidente da República convoque novas eleições.
Uma saída legal seria a renúncia tanto de Dilma –mesmo durante um
eventual período de afastamento para o julgamento no Senado– quanto de
Temer ainda em 2016, o que obrigaria o Congresso a convocar novas
eleições diretas para presidente em até 90 dias.
Outros cenários, como uma PEC idealizada por alguns senadores que anteciparia as eleições, são vistos como improváveis, pois não haveria brecha na Constituição para essa saída.
“Uma alternativa, que também é questionável, é solicitar ao Congresso
um plebiscito consultando a população sobre essa possibilidade. O
Congresso teria que aprovar não só a consulta popular, mas também uma
lei que fizesse a convocação de eleições. Eu julgaria uma afronta à
Constituição, mas alguns consideram que não é”, comenta Vladimir Feijó.
“Acho que uma proposta sobre novas eleições, apesar da série de
dificuldades jurídicas, teria uma pequena chance de se tornar viável
caso angariasse um amplo consenso no mundo político, jurídico e na
população “, acrescenta Rubens Glezer.
De qualquer forma, se Dilma não pareceu rejeitar completamente a ideia, Temer já teria considerado a hipótese um “golpe”, segundo apuração da “Folha de S.Paulo”.
E se Dilma voltar? Ela pode voltar tudo como estava antes?
Em tese, sim. Caso vença o julgamento no Senado, Dilma pode remodelar
o governo de acordo com sua visão administrativa. “Tudo que vale para
ele, em termos de mudança, vale para ela também. Pode ser validado ou
derrubado. Especialmente porque ela é a presidente titular, enquanto ele
estaria apenas em exercício”, diz Vladimir Feijó.
“Mas também não é automático assim. Dilma teria que ajustar seu
interesse à opinião pública, validando aquilo que ela considera as
reformas adequadas e revisando as outras, decretando uma decisão que
anulasse a anterior e impusesse um novo posicionamento.”
Além disso, a presidente também estaria sujeita a um acordo com os
parlamentares, da mesma maneira que Temer. “Voltando à Presidência, ela
teria que rediscutir uma aliança no Congresso, apresentar uma pauta e
ganhar o apoio da opinião pública para que os projetos sejam aprovados
no parlamento, e essa tensão do impeachment seja reduzida”, diz Feijó.Fonte: blog O primo
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