A
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) discursou, nesta segunda-feira (27),
sobre a prisão do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, na Operação
Custo Brasil, deflagrada há quatro dias pela Polícia Federal. Ela
classificou a ação policial de desnecessária, injusta e ilegal e afirmou
que a intenção foi “humilhar publicamente” o casal e a família. A
senadora criticou o aparato policial envolvendo helicóptero e armas
pesadas, além da apreensão do computador do seu filho adolescente.
Condenou também a cobertura ao vivo da imprensa, que chamou de
espetáculo midiático.
— Foi uma clara tentativa de humilhar um
ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que colheu muitos elogios no
exercício do seu cargo. É também a tentativa de abalar emocionalmente o
trabalho crescente de um grupo de senadores e senadoras que discordam
dos argumentos que hora vêm sendo usados para afastar uma presidente
legitimamente eleita — disse.
A senadora disse que o casal tem origem
modesta e destacou o caráter do marido, que jamais “admitiria desvio de
dinheiro público”. Ela afirmou que o patrimônio do casal corresponde a
dois imóveis comprados antes de 2004 e o apartamento financiado onde
mora em Curitiba, adquirido em 2009, que é “confortável, mas jamais
luxuoso”, completou.
O ex-ministro do Planejamento e das
Comunicações é suspeito de receber R$ 7,6 milhões de propina em esquema
irregular de contratação da empresa Consist, que atuava no Ministério do
Planejamento e é acusada pelo Ministério Público de desviar dinheiro de
empréstimos consignados. Para Gleisi, a prisão foi abusiva, sem provas e
sem processo. “Um despropósito do início ao fim”, pois, desde o início
do processo, em 2015, Paulo Bernardo nunca teria sido chamado para
depor.
— Qual risco oferecia meu companheiro à
ordem pública, à instrução processual, à aplicação da lei? Sempre esteve
à disposição das autoridades em endereço conhecido. Nada incrimina meu
marido além de delações que os advogados de defesa desconhecem na
totalidade.
Ao concluir o pronunciamento, a senadora
agradeceu pelas manifestações de apoio e especialmente à Mesa do Senado
pela reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra parte da
operação da PF em um imóvel de propriedade do Senado. No entendimento da
Mesa, esse tipo de ação não poderia acontecer sem a autorização do STF.
Solidariedade
Em apartes, todos os integrantes da
bancada do PT reiteraram a solidariedade a Gleisi Hoffmann. O senador
Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou o trabalho “combativo” da senadora e
vários parlamentares pediram que ela continuasse a participar da
Comissão do Impeachment.
O senador Jorge Viana (PT-AC), 1º
vice-presidente do Senado, criticou o constrangimento a que a família da
senadora foi submetida. Os senadores José Pimentel, (PT-CE),
Wellington Fagundes (PR-MT) e Paulo Rocha (PT-PA), companheiros de
mandato e militância do ex-ministro Paulo Bernardo, ressaltaram a
competência e a austeridade dele.
Para Paulo Rocha, a esquerda sofre com
“uma narrativa que a elite brasileira construiu contra ela”, em aliança
com os setores judiciários, para tentar “criminalizar” os políticos. O
líder do PT, Humberto Costa (PE), também considerou “uma agressão” a
ação da polícia na sede do partido. E a senadora Fátima Bezerra (PT-RN)
afirmou que o partido “não tem medo de investigação”.
Já a senadora Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM) ressaltou a dor de Gleisi Hoffmann como mãe e mulher. Na
avaliação dela, foi Gleisi “o verdadeiro alvo” no caso da prisão do
marido, em função “do protagonismo” na Comissão do Impeachment.
Apesar de enfatizar que diálogo com o Partido Progressista em Mossoró apenas começou na semana passada, com a visita que recebeu do ex-deputado Carlos Augusto Rosado, a presidente do Partido Trabalhista do Brasil no Rio Grande do Norte, Wilma de Faria, disse que está favorável à aliança com a agremiação, que tem como pré-candidatura à prefeitura da capital do Oeste a ex-governadora Rosalba Ciarlini.
A declaração foi dada na manhã desta
segunda-feira, 27, no Jornal 96, da 96 FM de Natal, quando questionada
pelo apresentador Diógenes Dantas. “Fui procurada pelo partido dela – o
PP – através de seu marido, o ex-deputado Carlos Augusto. Ele já tinha
conversado lá em Mossoró com o meu pessoal, que está se articulando para
a eleição da Câmara Municipal e ele achou importante que nos
integrássemos e nos engajássemos e a gente está favorável”, disse a
ex-governadora.
No entanto, frisando que a decisão não
compete apenas a ela. “Depende do nosso grupo. Deixei meus companheiros à
vontade para decidir. As coisas têm que ser claras para a população.
Decisão mesmo só mais no futuro. Não fui sequer a Mossoró, como vou todo
ano nesse período junino. Não estamos entrosados ainda. Infelizmente
não foi possível fazer todo aquele trabalho que sempre faço,
participando dos eventos e indo nas cidades, devido ao meu problema de
saúde”, observou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário