Artigo: Uma juventude sem liderança
A Constituição da República Brasileira é clara e
estabelece em seu artigo 5º, inciso XVI, o direito fundamental de
reunião. Fato esse que torna legal e plausível qualquer tipo de
manifestação pacífica em qualquer parte do território brasileiro,
independente da pauta ou do momento político, econômico e social que o
país está enfrentando. Pela amplitude e grandeza dos fatos, as
manifestações que vem acontecendo em todo o Brasil, na última semana, já
podem ser consideradas um marco na história do país.
O que vimos é que as correntes manifestações realizadas, que tiveram
início com o Movimento Passe Livre (MPL) e que tinha como objetivo
principal a redução das tarifas nos transportes urbanos, deflagrou uma
onda de protesto por todo Brasil, que se estendeu por diversas capitais e
atingiu até mesmo a sede do governo federal, no Distrito Federal.
Apesar de obter êxito com a redução das tarifas em algumas cidades, que
era o objetivo primário do movimento, os atos revelaram para toda
sociedade uma série de questões subjacentes que precisam ser levadas em
consideração pelos nossos governantes. Podemos elencar, entre elas, o
repúdio às instituições democráticas e a intolerância com o sistema de
representação partidária, o que podem ser consideradas as reivindicações
mais importantes de todo esse processo. Além disso, entrou na pauta de
discussão ainda a questão da exigência de investimentos focalizados nas
áreas de saúde, educação, segurança, transporte, entre outros.
Outro fato que nos chama a atenção, principalmente de quem acompanhou
de perto os movimentos, é a ausência de bandeiras claramente definidas e
identificação partidária durante as manifestações. Essa falta de
convergência ideológica amplifica interesses diversos e conflitantes dos
atores políticos envolvidos tornando ainda mais difícil o
processamento das demandas oriundas das ruas.
Vivemos em um Estado Democrático de Direito onde temos que ouvir a
voz do povo. Mas a grande lição que tiramos de toda essa história está
relacionada a uma crescente postura conservadora da juventude na medida
que a ordem começa a restringir os atos. Tudo isso nos remete,
imediatamente, a um passado de repressão tradicional. Fica, neste caso,
um alerta para toda sociedade.
* Ana Luiza Couto é professora de Direito Constitucional da Faculdade Mackenzie Rio
Prefeitos definem reivindicações que serão levadas a Dilma
Antes de se reunir com a presidenta Dilma Rousseff, às 16h, integrantes da diretoria da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), definem a pauta de reivindicação. O encontro, que começa ao meio-dia, pretendem discutir e aprovar os encaminhamentos que serão levados à presidenta.Em resposta aos protestos ocorridos nos últimos dias no país, por meio de pronunciamento à nação, na última sexta-feira (21), Dilma prometeu fazer um pacto, com governadores e prefeitos, “em torno da melhoria dos serviços públicos”, contemplando, principalmente, as áreas de transporte, saúde e educação.
Em comunicado, o presidente da FNP e prefeito de Porto Alegre (RS), José Fortunati, defendeu propostas de contratação de médicos estrangeiros, aprovação do Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros (Reitup) e a incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e o álcool para constituição de um fundo que financie o transporte público coletivo.
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