quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

DELATOR DIZ QUE DIRCEU RECEBIA PROPINA DE 1% EM CONTRATOS DA PETROBRAS



dirceu enve
Em novo depoimento na tarde desta quarta-feira ao juiz federal Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava-Jato, o lobista Fernando Moura, que assinou acordo de delação premiada, afirmou que 3% dos valores dos contratos firmados na diretoria de Serviços da Petrobras durante a gestão de Renato Duque eram divididos em partes iguais pelo grupo petista de José Dirceu, em São Paulo, para o PT Nacional, inicialmente comandado por Delúbio Soares e depois por demais tesoureiros, e por Duque e seus subordinados. Amigo de Dirceu, Moura foi preso em agosto, na 17ª fase da Lava-Jato, na qual foi denunciado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
“As primeiras conversas que a gente teve, negociei eu, ele (Duque) e Silvinho (Pereira), foi em relação às plataformas (de petróleo), da 51 a 56. E depois um oleoduto que ia sair e acabou não saindo. Nesse dia, a gente definiu que seria 1% pro núcleo São Paulo, 1% para o núcleo nacional, e 1% para a companhia, Renato Duque e seus gerentes. Três por cento do contrato ao todo”, explicou Moura, esclarecendo que o núcleo São Paulo era composto pelo PT paulista, sobretudo aliados do ex-ministro da Casa Civil e o núcleo nacional era comandado por Delúbio Soares e depois por outros tesoureiros do PT. Segundo apurou O Globo, Dirceu usava o dinheiro em campanhas de candidatos aliados.



O CONGRESSO NACIONAL LOGO SERÁ COMANDADO POR DOIS RÉUS



RenanCunha
O STF se equipa para analisar denúncias da Procuradoria contra Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Planeja fazê-lo entre o fim deste mês de fevereiro e os primeiros dias de março. Guiando-se pela lógica, os ministros da Suprema Corte acolherão as denúncias, convertendo-as em ações penais. Quando isso acontecer, as duas Casas do Legislativo brasileiro passarão a ser presididas por excelentíssimos réus. E o vexame se converterá em escárnio.
Renan e Cunha não pensam em se afastar voluntariamente dos cargos. Seus poucos rivais não reúnem forças para arrancá-los da poltrona. “Já dei todas as explicações”, minimizou Renan, ao comentar a denúncia de que usou verbas de uma empreiteira para pagar a pensão de uma filha que teve fora do casamento, em 2007. “O fato de aceitar a denúncia não significa que eu sou condenado”, deu de ombros Cunha, ao se referir às evidências de que recebeu petropropinas. “Vou continuar em qualquer circunstância.”
Os mandachuvas do Legislativo são protótipos do patrimonialismo brasileiro. Ambos trazem implantada na alma a convicção de que não é o Congresso que tem um par de presidentes; são os presidentes do Senado e da Câmara que têm o Congresso. Os dois não se sentem como pessoas públicas. O país é que atrapalha suas vidas privadas.
Renan e Cunha são como o Aedes aegypt. Desenvolveram-se nas águas paradas do Congresso. Sugaram o sangue do Tesouro Nacional. E transmitem um vírus que causa microcefalia coletiva em seus pares, desobrigando-os de refletir. Os 38 congressistas investigados na Lava Jato —14 senadores e 24 deputados— dão aos outros 556 parlamentares uma péssima fama. Mas a democracia brasileira ainda não desenvolveu uma vacina capaz de imunizar o país contra zikas como Renan e Cunha.
Por Josias de Souza

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